Nintendo não permite avatares gay no jogo Tomodachi Life

Empresa japonesa recusa estar a fazer um comentário social ao excluir relações e casamentos homossexuais no jogo

Foto

Tomodachi Life é um jogo para a Nintendo 3DS que permite ao jogador criar uma personagem virtual, a “Mii”, e interagir com outros jogadores num mundo de simulação social onde é possível desenvolver relações amorosas ou até mesmo casar. Mas o casamento não está disponível para Miis do mesmo sexo, o que levou à criação de um movimento que exige que os avatares no jogo possam ser gays e lésbicas e oficializar a sua relação.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Tomodachi Life é um jogo para a Nintendo 3DS que permite ao jogador criar uma personagem virtual, a “Mii”, e interagir com outros jogadores num mundo de simulação social onde é possível desenvolver relações amorosas ou até mesmo casar. Mas o casamento não está disponível para Miis do mesmo sexo, o que levou à criação de um movimento que exige que os avatares no jogo possam ser gays e lésbicas e oficializar a sua relação.

O Tomodachi Life só está disponível no Japão desde o ano passado, mas chega à Europa e aos Estados Unidos a 6 de Junho. No jogo, os Miis vivem numa ilha e podem fazer várias actividades, como fazer compras, divertir-se em parques temáticos, cantar, dormir, comer, ter uma intensa vida social, que inclui ter amigos, namorados e conhecer celebridades do mundo real em versões avatar. Aos que se casarem no jogo estão disponíveis exclusivamente opções como ter filhos e comprar bens com valores elevados, como uma casa.

No país da Nintendo tem sido um sucesso de vendas – segundo dados de Dezembro foram vendidas 1.83 milhões de cópias - mas também tem suscitado polémica. Através de uma página no Facebook, no Tumblr e uma conta no Twitter, lançadas na semana passada, foi criada uma campanha que pretende que a Nintendo crie uma opção para Miis homossexuais quando é pedido ao jogador que defina a sua preferência sexual e queira casar virtualmente com uma pessoa do mesmo sexo.

Foto
A limitação do jogo já gerou uma campanha de protesto, baptizada #Miiquality

A campanha não espera que a versão japonesa seja alterada mas pretende que as que serão vendidas na Europa e Estados Unidos prevejam estas situações. Tye Marini, um utilizador de videojogos de 23 anos, homossexual, do Arizona, lançou a campanha #Miiquality e no vídeo que acompanha a iniciativa nas redes sociais contesta a decisão da Nintendo. “Não poder namorar e casar com o género pelo qual estou atraído na vida real retira toda a imersão e divertimento do jogo para mim”, afirma. O jovem sublinha que a campanha não é uma tentativa de boicote à Nintendo mas um pedido para que inclua a questão da homossexualidade no jogo na versão em Inglês.

Na quarta-feira, a Nintendo reagiu, pela primeira vez, à campanha #Miiquality. “As opções para relacionamentos no jogo representam um mundo alternativo brincalhão, em vez de uma simulação de vida real”, respondeu a empresa japonesa em comunicado. A Nintendo diz esperar que os jogadores de Tomodachi Life entendam que o jogo foi criado para ser “peculiar” e que a empresa “não tentou fazer qualquer forma de comentário social” com o lançamento do produto. Para Tye Marini, excluir relações entre pessoas do mesmo sexo no jogo “é uma forma de comentário social”.

A Nintendo garante estar disponível para ouvir todas as reacções ao jogo e “perceber os consumidores e as suas expectativas” da empresa. Uma sondagem realizada recentemente no Japão indicou que 52,4% dos adultos japoneses opõem-se ao casamento homossexual. Por outro lado, 74,6% dos inquiridos consideraram que a sociedade é cruel para as minorias sexuais, incluindo gay, lésbicas e transgéneros.