Portugueses no centro, oposição na sombra
Guia de leitura para a nuvem de palavras do discurso do primeiro-ministro.
Foi um discurso dirigido aos portugueses – “todos” –, em que toda a austeridade é colocada no passado dos verbos (foi, enfrentaram, sofreram, sentiram), mas sem abrir demasiada esperança à mudança de rumo no futuro. “Foram tempos muito difíceis”, mas “estamos no caminho certo para construir a sociedade a que os portugueses aspiram e merecem”, frisou, usando numa frase algumas das ideias mais repetidas na intervenção.
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Foi um discurso dirigido aos portugueses – “todos” –, em que toda a austeridade é colocada no passado dos verbos (foi, enfrentaram, sofreram, sentiram), mas sem abrir demasiada esperança à mudança de rumo no futuro. “Foram tempos muito difíceis”, mas “estamos no caminho certo para construir a sociedade a que os portugueses aspiram e merecem”, frisou, usando numa frase algumas das ideias mais repetidas na intervenção.
O caminho, portanto, é para manter e talvez por isso Passos Coelho nunca se referiu, senão de passagem, ao alívio das dificuldades – palavra que aparece ao mesmo nível de “consequências” e “determinação”. Passos sabe que “os portugueses querem ver concretizados esses resultados” nas suas vidas, mas não se compromete mais do que dizer que é objectivo do governo garantir que estes “chegarão a todos tão rapidamente quanto possível”.
Mas foi também um discurso dirigido à oposição, em especial ao PS, que apesar de nunca ser mencionada é colocada de fora do sucesso dos "resultados", outra palavra várias vezes repetida. “Não” aos caminhos do passado, não a novas perspectivas de “bancarrota”, como no “colapso” de 2011. Sem nunca nomear o PS, Passos manteve-o sempre presente nas entrelinhas.
Lembrou que quando o "programa" – outra palavra em destaque, mas também ela sempre no passado – de 2011 foi negociado, o governo socialista contou com o apoio dos principais partidos da oposição, hoje no governo. “Infelizmente quando foi preciso cumprir o programa, um apoio idêntico não existiu”.
Em compensação, a palavra “parceiros” surge várias vezes, a par de “confiança” e um pouco menos que “economia”, apontada como a grande prioridade, tal como o emprego.
Da nuvem, uma leitura instantânea salta à vista: à parte o grosso “não” para os magros “resgate”, “incerteza”, “colapso” e “emergência”, a aposta em mensagens positivas: confiança, credibilidade, liberdade, esperança, consenso, construir, democracia, crescimento, história e expectativas. A última frase é o slogan que se segue: “Depois do que juntos conseguimos, não há nada que juntos não possamos alcançar”.