O Japão quer ideias e negócios portugueses de energias renováveis e alimentação
Visita do primeiro-ministro Shinzo Abe a Portugal tem o objectivo de abrir novas portas de contacto entre os dois países.
As energias renováveis, sem contar com as hidroeléctricas, preenchiam 2% das necessidades energéticas do Japão em 2011. Após terem sido desligadas as centrais nucleares – em resultado do acidente na central de Fukushima – foram criados incentivos para a geração de energias renováveis, através de subsídios, que fizeram aumentar em cerca de 1,4 GigaWatts a capacidade de produção energética entre Julho de 2012 e Fevereiro de 2013, segundo números da Agência Internacional de Energia.
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As energias renováveis, sem contar com as hidroeléctricas, preenchiam 2% das necessidades energéticas do Japão em 2011. Após terem sido desligadas as centrais nucleares – em resultado do acidente na central de Fukushima – foram criados incentivos para a geração de energias renováveis, através de subsídios, que fizeram aumentar em cerca de 1,4 GigaWatts a capacidade de produção energética entre Julho de 2012 e Fevereiro de 2013, segundo números da Agência Internacional de Energia.
A produção de energia através da biomassa tem sido o sector com mais projectos, embora haja muito investimento em energia geotermal – o Japão tem as terceiras maiores reservas deste tipo de energia. No último ano, houve um grande crescimento de parques de painéis de solares de grande escala.
A agricultura e a pecuária são áreas de especial interesse para a economia japonesa – e que têm emperrado o andamento das negociações do acordo de livre comércio com os Estados Unidos, conhecido como Parceria Transpacífico. O comércio de carne e arroz entre a América e a Ásia é um osso de duro de roer, dos dois lados do oceano, bem como o de arroz – isto para não falar da questão dos padrões de segurança dos automóveis.
Shinzo Abe incluiu Portugal na sua viagem europeia, além da Alemanha, Reino Unido, Espanha, França e Bélgica. Na agenda traz a negociação de um acordo de comércio livre com a União Europeia, que começou a ser debatido entre as duas partes há ano, com a previsão de levar pelo menos três a concluir. Para além dos automóveis – em relação aos quais a indústria europeia é também muito protectora –, a agricultura e a produção alimentar são áreas sensíveis, mas também prometedoras.
Se existem já alguns projectos empresariais japoneses em Portugal para exportar bens alimentares prezados no Japão, como o tomate – de que a cozinha nipónica não usa e abusa como a portuguesa, em molhos e como um vulgar acompanhamento em saladas – pode haver muitas outras possibilidades. Em especial porque a região nordeste do Japão, que foi afectada pelo sismo e tsunami de 2011, e que continua a ter de viver com a radioactividade libertada pela central acidentada de Fukushima, era o celeiro e a horta do país.
Dali vinha o melhor arroz, o melhor sake, carne, peixe e produtos hortícolas e frutas consumidos em Tóquio e em muitas outras regiões. Além do choque que a catástrofe de 2011 representou para a região – impedida de vender para fora do país, ou mesmo para outras zonas de Japão, que se recusam a comer os seus produtos, ainda que tenham passado os testes de segurança radiológica – houve também um encarecimento dos preços.
Esta relutância pode ser também um impeditivo para o acordo de livre comércio com a União Europeia. No comunicado conjunto emitido esta sexta-feira pelos primeiros-ministros, diz-se no entanto que “o Japão acolheu com agrado a compreensão demonstrada por Portugal da necessidade da revisão pela UE das medidas remanescentes quanto à presença de radionuclídeos nos alimentos e nas rações ser sustentada cientificamente.”