Tribunal italiano confirma que foi Amanda Knox que matou a estudante Meredith Kercher

A americana quis "intimidar e humilhar" a colega de quarto, que foi alvo de um ataque de grupo.

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Knox numa entrevista à ABC depois de saber que seria novamente julgada Reuters

“O tribunal concluiu que a lâmina que causou as lesões na parte esquerda do pescoço da vítima, de onde saiu a maior parte do sangue, e que causou a morte de Meredith Kercher, foi manuseada por Amanda Knox”, diz a conclusão do processo, um relatório de 300 páginas.

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“O tribunal concluiu que a lâmina que causou as lesões na parte esquerda do pescoço da vítima, de onde saiu a maior parte do sangue, e que causou a morte de Meredith Kercher, foi manuseada por Amanda Knox”, diz a conclusão do processo, um relatório de 300 páginas.

A lâmina pertence a uma faca que foi encontrada, depois do crime, escondida na casa de Raffaele Sollecito, que na época do crime, 2007, era namorado de Knox. 

Amanda Knox e Raffaele Solecito já foram julgados pelo crime, tendo sido considerados culpados e condenados a pesadas penas de prisão. Porém, após quase quatro anos de prisão, foram libertados depois de o julgamento ter sido anulado. Knox regressou a casa, onde defendeu ter sido injustiçada, declarando-se novamente inocente — escreveu um livro a contar a sua história. Apenas um dos três acusados, Rudy Guede, da Costa do Marfim, continua na prisão, a cumprir 25 anos de cadeia.

Porém, foram apresentados recursos e o caso voltou aos tribunais. Em Janeiro, o tribunal de apelação confirmou a pena de 25 anos de Solecito, que está proibido de sair de Itália até haver nova decisão. O caso de Knox, que vive nos Estados Unidos, é mais complexo, pois terá de haver, agora, um pedido de extradição. 

De acordo com o documento do Tribunal de Florença, Meredith Kercher, uma estudante da Universidade de Leeds que estava em Perugia, na Itália, num programa de intercâmbio entre universidades (tal como Knox), foi atacada por "um grupo" — Knox, Solecito e Guede. Ao contrário do que foi sugerido no primeiro julgamento, o crime não teve motivações sexuais. O documento diz que Knox tinha "o desejo de intimidar e humilhar" Meredith Kercher, com a qual partilhava a casa e com quem se dava mal, e que Solecito apoiou a namorada. 

Os ferimentos no corpo da vítima indicam um ataque múltiplo, e não apenas de um indivíduo, como os advogados de defesa de Knox e Solecito defenderam no primeiro julgamento. O tribunal determinou que o clima de tensão entre as duas raparigas fez eclodir o conflito. “É um facto que a dada altura da noite as coisas aceleraram. A rapariga inglesa foi atacada por Amanda Marie Knox e Raffaele Sollecito, que estava a apoiar a namorada, e por Rudi Hermann Guede, e cercada no seu próprio quarto”, conclui o tribunal.