De cacos de louça antiga faz-se arte anti-desperdício

Teresa Costa realizou um sonho antigo de trabalhar por conta própria. A Arte de Reciclar abriu um atelier no coração da Feira da Ladra e quer abrir portas a outros artesãos

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Soube de um concurso que a Câmara Municipal de Lisboa abriu para dinamização de mercados e lojas de rua na véspera de encerramento das inscrições, mas não perdeu a oportunidade. Numa corrida contra o relógio, desenhou a sua candidatura e entregou-a “no último minuto”. Resultado: a atribuição de um espaço no Mercado de Santa Clara, no coração da Feira da Ladra.

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Soube de um concurso que a Câmara Municipal de Lisboa abriu para dinamização de mercados e lojas de rua na véspera de encerramento das inscrições, mas não perdeu a oportunidade. Numa corrida contra o relógio, desenhou a sua candidatura e entregou-a “no último minuto”. Resultado: a atribuição de um espaço no Mercado de Santa Clara, no coração da Feira da Ladra.

Há muito que Teresa Costa sonhava trabalhar por conta própria e fazer da sua paixão pela reciclagem um negócio. Com portas abertas recentemente, A Arte de Reciclar é agora não apenas uma loja com as suas criações, mas também espaço que quer abrir portas a outros criadores.

Nos dias que se seguem à Feira da Ladra, Teresa anda pelo recinto à cata de cacos de louça. É essa a principal matéria-prima das suas criações: peças decorativas e joalharia, construídas com aplicação da técnica de mosaico tradicional e découpage (colagem de papel).

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Há muito que Teresa Costa sonhava trabalhar por conta própria Enric Vives-Rubio

“Para não me dispersar por n coisas e não fazer o mesmo que os outros fazem, tentei sair do conceito normal de reciclagem”, disse ao P3 a empreendedora de 48 anos. “Isto não é para ser uma loja clássica. A ideia é ter um atelier com parceiros, outros artesãos, espaço para workshops e oficinas.”

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Os dias que se seguem à Feira da Ladra são os melhores para encontrar material, conta Teresa Enric Vives-Rubio

Uma rotina anti-desperdício

A actividade começou por ser uma rotina anti-desperdício. Em casa de Teresa, a reciclagem tornou-se parte do dia-a-dia: “Só havia um ordenado [Teresa estava desempregada] e por isso o reaproveitamento foi sempre uma coisa importante”, contou numa conversa telefónica.

Depois de recolher cacos de louça antiga, Teresa Costa limpa-os e separa-os por cores ou motivos. Depois, faz uso da sua formação na área do Design e da sua experiência profissional de anos em Design Gráfico e cria as mais diversas peças — molduras, espelhos, tabuleiros, brincos, pingentes para colares.

Em breve, quer também apostar na criação de uma linha de pequeno mobiliário, para a qual já ensaiou a construção de mesas de centro.

A ligação à área vem de pequena: lembra-se perfeitamente de desenhar e colar quando era miúda, de aprender técnicas com o pai, relojoeiro. De “desporto e terapia mental”, a ideia foi, aos poucos, passando a um pequeno negócio, apoiado com um blogue, uma página no Facebook e uma loja online para vendas para o exterior.

A internacionalização é, alias, um dos projectos em cima da mesa, revelou Teresa Costa, que conta nesta fase de arranque do seu atelier com o apoio silencioso de uma empresa de 'business angels'.