Moscovo ameaça resposta "dolorosa" às sanções contra dirigentes e empresas russas

Nos EUA, as medidas que a Casa Branca tomou contra empresas e dirigentes não satisfazem republicanos. Nomes da lista de sanções da UE são divulgados esta terça-feira. Canadá também tomou decisões.

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Sanções são justificadas por situação na Ucrânia VASILY MAXIMOV/AFP

No caso norte-americano são visados sete dirigentes governamentais russos, alguns do círculo próximo de Putin, e 17 empresas, anunciou a Casa Branca.

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No caso norte-americano são visados sete dirigentes governamentais russos, alguns do círculo próximo de Putin, e 17 empresas, anunciou a Casa Branca.

Os cidadãos russos vêem congelados os bens que possuam nos EUA e não lhes serão concedidos vistos para se deslocarem ao país. No campo empresarial fica suspensa a exportação para a Rússia de tecnologia que contribua para  reforçar a capacidade militar e os activos das companhias no país são também congelados. Os departamentos de Estado e do Comércio revogarão as licenças existentes sobre a matéria.

Entre os visados pelas sanções norte-americanas estão Igor Sechin, presidente da petrolífera estatal russa Rosneft, e Sergei Chemezov, que dirige a Rostec, empresa estatal de produtos de alta tecnologia. São ambos considerados aliados próximos de Putin. A lista divulgada pela Departamento do Tesouro não menciona explicitamente a Rosneft, em que a britânica BP tem uma participação de 19,5%, mas o anúncio provocou, segundo a Reuters, uma queda imediata do valor das acções da empresa.

O vice-primeiro-ministro da Federação da Rússia, Dmitri Kozak; Viatcheslav Volodin, vice-chefe da administração presidencial; e Oleg Belavencev, enviado de Putin à Crimeia, são outros nomes da lista de sanções norte-americana.

A Mastercard anunciou que em breve suspenderá os serviços prestados a cartões emitidos pelos bancos russos SMP e InvestCapitalbank, controlados pelos irmãos Boris e Arkadi Rotenberg - visados na anterior leva de sanções norte-americanas.

Quase em simultâneo com o anúncio dos EUA, diplomatas da União Europeia disseram à AFP que foi alcançado um acordo sobre uma lista de 15 nomes a juntar aos 33 russos e ucranianos que foram objecto de congelamento de bens e interdição de vistos de entrada após a anexação da Crimeia pela Rússia. Mais tarde, um comunicado do Conselho Europeu informou que as sanções visam "responsáveis por acções que comprometem ou ameaçam a integridade territorial da Ucrânia".

A lista europeia foi pré-aprovada antes das negociações de Genebra, de 17 de Abril, mas as sanções não foram imediatamente adoptadas para não condicionarem o diálogo. O acordo alcançado nesse dia – para o desarmamento de grupos ilegais e desocupação de edifícios públicos no Leste da Ucrânia - não produziu até agora resultados.

O Canadá anunciou também esta segunda-feira sanções a dois bancos e nove cidadãos russos. A aplicação de sanções à Rússia foi decidida no final da semana passada pelos países que compõem o G8 (EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão, França, Canadá e Itália).

A Rússia é considerada pelos países ocidentais responsável pela instabilidade no Leste da Ucrânia, onde pró-russos controlam mais de uma dezena de cidades e esta segunda-feira ocuparam mais edifícios públicos. Os Estados Unidos invocam explicitamente "a contínua intervenção ilegal da Rússia na Ucrânia".

"Falta de compreensão"
Numa primeira reacção ao anúncio norte-americano, o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Riabkov, disse, segundo a agência Interfax, que as sanções “demonstram a total falta de compreensão” pelos “colegas” de Washington “do que está a acontecer na Ucrânia”. Acrescentou que a resposta russa terá um "efeito doloroso" em Washington.

Antes ainda de conhecidas as sanções americanas, Putin afirmou que a Rússia estaria em condições de substituir por produção própria eventuais importações de material de defesa cuja venda lhe fosse cancelada.

Do lado norte-americano, as sanções são consideradas muito leves pelos republicanos. Não passam de "uma palmada na mão", afirmou Bob Corker, que lidera o partido da oposição no comité de relações exteriores do Senado. O seu colega Dan Coats comentou que não acredita em mudanças no posicionamento russo até que sejam atingidas entidades como a empresa Gazprom, “que o Kremlin usa para coagir a Ucrânia e outros vizinhos”, relata a Reuters.

No final da semana passada, o secretário do Tesouro americano, Jacob Lew, disse que o objectivo das sanções é “atingir a economia russa provocando os menores danos possíveis à economia americana e mundial”. O conselheiro adjunto da segurança nacional dos EUA, Ben Rhodes, declarou que as medidas não esgotariam as hipóteses de sanções, mantendo-se em aberto outras possibilidades de “aumentar a pressão”, em caso de agravamento da situação no terreno. Também a UE deve manter em aberto a possibilidade de adopção de sanções de maior envergadura, como um embargo comercial.