Executivo de Rui Moreira muda a agulha e abre os braços à arte urbana

Câmara do Porto, que na quarta-feira inaugura grande exposição no interior do edifício Axa, quer espalhar estas manifestações artísticas pela cidade.

Fotogaleria

No último ano de Rui Rio na autarquia alguma coisa foi mudando. Principalmente depois de algum debate provocado pela destruição de uma pintura de Hazul numa casa devoluta por parte de uma brigada encarregue de cobrir de tinta tags e outros gatafunhos que estragam muitas paredes da cidade. No Axa, no ano passado, um trabalho de Draw e Alma, Rio o anti-grafitos, mostrava um retrato do autarca “vandalizado”, em jeito de provocação. E é no mesmo espaço, em vários pisos, que 22 artistas, alguns deles estrangeiros vão, esta quarta-feira, inaugurar a exposição Street Art Axa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

No último ano de Rui Rio na autarquia alguma coisa foi mudando. Principalmente depois de algum debate provocado pela destruição de uma pintura de Hazul numa casa devoluta por parte de uma brigada encarregue de cobrir de tinta tags e outros gatafunhos que estragam muitas paredes da cidade. No Axa, no ano passado, um trabalho de Draw e Alma, Rio o anti-grafitos, mostrava um retrato do autarca “vandalizado”, em jeito de provocação. E é no mesmo espaço, em vários pisos, que 22 artistas, alguns deles estrangeiros vão, esta quarta-feira, inaugurar a exposição Street Art Axa.

Esta só estará um mês nas paredes do Axa, que ao longo do ano vão ter outras ocupações, como uma esperada exposição de Henri Cartier-Bresson. Mas na rua, seis cabines telefónicas pintadas, nos Aliados, transportam esta manifestação para a rua, lugar de onde a autarquia pretende que não saia. As cabines serão mais tarde requalificadas pela PT, recuperando a sua cor vermelha, mas, explicou o administrador da Porto Lazer, vários departamentos da autarquia já fizeram parte de um levantamento de sítios na cidade que poderão tornar-se, na linguagem dos Writters, novos spots para o seu trabalho.

Prosseguindo uma proposta inscrita no manifesto eleitoral de Rui Moreira – e elaborada, na altura, pelo actual vereador da cultura, Paulo Cunha e Silva – a Câmara do Porto quer “regulamentar” esta actividade, propondo sítios licenciados onde ela possa acontecer, mas recusa qualquer vontade de disciplinar a estética. “Temos de preservar a liberdade de intervenção, até política”, frisa Hugo Neto, admitindo apenas que, nalgumas paredes, em áreas especificas da cidade, possa ser proposto, no limite, um tema sobre o qual cada artista deverá trabalhar.

“É do nosso entendimento que a Arte Urbana contribui para a valorização do espaço público”, nota Hugo Neto, assumindo que este tipo de intervenção pode ser conjugado com a reabilitação do edificado para a requalificação urbana e social de áreas degradadas. Para já, a Câmara do Porto está a elencar espaços públicos, mas num segundo momento admite propor a privados a utilização de paredes de edifícios de comércio ou habitação, de modo a transformar a cidade numa galeria viva. Para isso, explicou o administrador da Porto Lazer, o município pretende também agilizar a relação com os artistas e o licenciamento, embora não vá criar para o efeito qualquer estrutura nova, como o Gabinete de arte Urbana que existe em Lisboa.