Próximas sanções sobre a Rússia não esgotam arsenal de medidas de pressão
Preocupações com a crise ucraniana aumentaram com acusações de violação do espaço aéreo da Ucrânia pela aviação de Moscovo e a detenção de observadores da OSCE por pró-russos em Slaviansk.
“Cada país determinará que sanções dirigidas que quer impor. As sanções serão coordenadas e complementares mas não necessariamente idênticas”, explicou um responsável norte-americano, depois de os países do G7 – EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão, França, Canadá e Itália – terem decidido aprovar sanções, com rapidez.
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“Cada país determinará que sanções dirigidas que quer impor. As sanções serão coordenadas e complementares mas não necessariamente idênticas”, explicou um responsável norte-americano, depois de os países do G7 – EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão, França, Canadá e Itália – terem decidido aprovar sanções, com rapidez.
As preocupações com a crise ucraniana aumentaram neste sábado devido a dois factores: à alegada violação do espaço aéreo da Ucrânia pela aviação russa e ao arrastamento da detenção de observadores da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) por separatistas pró-russos em Slaviansk.
“Posso confirmar que, em várias ocasiões das últimas 24 horas, aviões russos entraram no espaço aéreo ucraniano”, disse o coronel Steve Warren, porta-voz do Pentágono. O primeiro-ministro interino do Governo de Kiev, Arseni Iatseniouk, repetiu a acusação e afirmou que a alegada acção teve “como único objectivo levar a Ucrânia a começar uma guerra”. O ministério da Defesa russo negou e disse que as afirmações são baseadas em “rumores e suposições”.
No caso dos observadores – apesar de não haver coincidência nas informações, serão sete, acompanhados por cinco militares ucranianos e pelo condutor do autocarro em que seguiam –, ao longo do dia decorreram contactos e foram feitos apelos à sua libertação. A OSCE enviou uma equipa negocial para Slaviansk. O representante da Rússia na organização, Andrei Kelin, disse que o seu Governo faria o que estivesse ao seu alcance, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, falou com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov – quatro dos detidos são alemães. Mas os separatistas pró-russos, que acusam os observadores detidos na sexta-feira de serem “espiões da NATO”, informaram que só os deixarão partir a troco da libertação de militantes seus detidos pelas forças ucranianas.
Quanto às sanções, o conselheiro adjunto da segurança nacional dos EUA, Ben Rhodes, que falou aos jornalistas a bordo do avião do Presidente Barack Obama, na viagem entre a Coreia do Sul e a Malásia, confirmou que as norte-americanas poderão ser anunciadas já na segunda-feira e que deverão visar “pessoas influentes da economia russa, tal como a energia e a banca”. Outra fonte disse que poderão ser visados próximos do Presidente russo, Vladimir Putin. “O objectivo é atingir a economia russa provocando os menores danos possíveis à economia americana e mundial”, disse o secretário do Tesouro americano, Jacob Lew.
A União Europeia (UE) reúne no mesmo dia os embaixadores dos 28 membros para “adoptar uma lista suplementar de sanções”, afirmou à AFP um responsável comunitário. A base da decisão deverá ser uma lista de 15 nomes a juntar aos 55 russos e ucranianos que foram objecto de congelamento de bens e interdição de vistos após a anexação da Crimeia pela Rússia. A lista foi aprovada na véspera das negociações de Genebra, de 17 de Abril, mas as sanções não avançaram para não condicionarem um diálogo que levou a um acordo de desarmamento de grupos ilegais e à desocupação que não produziu até agora resultados.
Outro diplomata citado pela agência disse que, para já, não está prevista a chamada a Bruxelas dos ministros dos Negócios Estrangeiros, o que só acontecerá caso seja necessário discutir sanções de maior envergadura, como um embargo comercial. “Veremos na segunda-feira”, disse.
Ben Rhodes declarou que as medidas a aplicar pelos EUA não esgotarão todas as possibilidades, mantendo-se em aberto hipóteses de sanções que “permitam aumentar a pressão” em caso de agravamento da situação no terreno.
A Rússia mantém tropas em manobras junto à fronteira com a Ucrânia. No âmbito de uma decisão de reforçar a presença militar nos países da NATO mais próximos da região, uma companhia de 150 soldados norte-americanos chegou neste sábado à Lituânia, depois de na véspera outros 130 terem sido enviados para a Polónia.