Assembleia da Madeira volta a celebrar o 25 de Abril

Representantes dos partidos sem direito a intervir na sessão em que apenas usarão da palavra o presidente do Parlamento e o orador convidado Viriato Soromenho Marques.

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PÚBLICO

A comemoração da Revolução dos Cravos, interrompida nos últimos nove anos, não será realizada no hemiciclo do plenário, nem terá, como igualmente acontece para assinalar o 25 de Novembro, intervenções dos representantes dos diferentes partidos. Na sessão marcada para o salão nobre, nesta sexta-feira, apenas intervirão o presidente do Parlamento Miguel Mendonça e o orador convidado Viriato Soromenho Marques, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

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A comemoração da Revolução dos Cravos, interrompida nos últimos nove anos, não será realizada no hemiciclo do plenário, nem terá, como igualmente acontece para assinalar o 25 de Novembro, intervenções dos representantes dos diferentes partidos. Na sessão marcada para o salão nobre, nesta sexta-feira, apenas intervirão o presidente do Parlamento Miguel Mendonça e o orador convidado Viriato Soromenho Marques, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Para recusar ultimamente a celebração do 25 de Abril, em alguns anos antecipada para o dia 24 ou adiada para 26, os sociais-democratas madeirenses têm usado o argumento de que a data da reposição da democracia deve ser celebrada “na sede própria” que é a Assembleia da República, em Lisboa. A Madeira, alegam, deve apenas assinalar o Dia da Região, a 1 de Julho, e o 25 de Novembro.

Mas, apesar de suas propostas serem inviabilizadas pelo PSD, a oposição sempre insistiu na celebração com o argumento de que “a Madeira não teria a autonomia política que tem se não fosse o 25 de Abril” e de que “a autonomia é fruto da revolução de Abril, da democracia e da liberdade”.

A queda do anterior regime já foi, por decisão de Alberto João Jardim, assinalada no dia 24 e no dia seguinte ao da revolução dos cravos. “Todos nós devemos fazer um esforço para que grandes mudanças, não um 25 de Abril mas um 26 de Abril, sucedam neste país”, alegou o presidente do governo madeirense.

Em 2001, ano em que o PSD decidiu celebrar o “dia seguinte” com uma sessão solene na Assembleia da Madeira, o líder insular reclamou a mudança do regime democrático e da Constituição da República. “Sou um homem do 26 de Abril, do que está para vir”, justificou então Jardim que, declarando não pactuar com a “aldrabice montada institucionalmente em Portugal”, acusou “a direita e o centro de serem colaboracionistas com este regime”.

Quando em 1995 o PSD celebrou, pela primeira vez, o 26 de Abril no Parlamento, toda a oposição regional, do CDS/PP ao BE, recusou comparecer à sessão e justificou a ausência numa conferência de imprensa conjunta, dada no salão nobre e interrompida por um estranho corte de luz, acto imediatamente assinalado pelos deputados com a Grândola, vila morena, cantada às escuras.

A celebração em 2003 foi marcada pela cena protagonizada por Coito Pita que, antes de usar da palavra, em nome do PSD, atirou para o chão um cravo vermelho deixado pelo orador do PS na tribuna, em homenagem aos capitães de Abril. O deputado social-democrata aproveitou a intervenção para acusar “Lisboa, a República e a Assembleia da República de continuar a impôr à Madeira um regime colonialista, como o fizeram com as ex-províncias ultramarinas”.  

Em 2006, Jardim, na qualidade de presidente do Governo, decretou tolerância de ponto no dia 24 de Abril e disse recusar “partilhar sessões evocativas com cavernícolas políticos”. Justificou aquele o novo “feriado” referindo que “o povo madeirense fez de 30 anos de autonomia uma homenagem ao 25 de Abril, com o seu trabalho e derrotando as canalhices da pseudo-esquerda local”.

Ao justificar a abolição da sessão comemorativa no parlamento regional, a partir de 2005, Jardim invocou "a falta de nível" das intervenções da oposição. Segundo o líder madeirense, "o 25 de Abril merece outra dignidade que não aquela cagada".