Obama e a difícil missão asiática
A visita do presidente americano à Ásia está cheia de obstáculos
Num momento em que Joe Biden se aventura numa Ucrânia a um passo da guerra civil, com tudo o que isso implica para o futuro da Europa e para o poder da Rússia, Barack Obama rumou à Ásia para uma difícil missão: amenizar as relações entre o Japão e a Coreia do Sul, refirmando a importância da aliança de ambos com os Estados Unidos, e ao mesmo tempo dar maior relevo ao Sueste Asiático, visitando a Malásia e as Filipinas. Mas é impossível não olhar para esta visita oficial de Obama como um terreno minado: a China (que Obama não visitará nesta viagem) acaba de reacender velhas feridas com o Japão ao mandar apresar um barco nipónico por causa de um litígio anterior à II Guerra Mundial; no Japão, depois de terem sido levantadas restrições ao armamento e também à exportação de armas, 150 deputados visitaram o santuário Yasanuki, onde estão 14 “grandes criminosos de guerra” (ver comentário de Jorge Almeida Fernandes na pág. 21), o que significa um desafio aberto não só à China como à Coreia do Sul; Pequim continua a exibir o seu poderio militar nos mares da China, de modo a manter o Japão em alerta; e a Coreia do Norte, para não ficar à margem, poderá vir a fazer (ou apenas a simular) um teste nuclear provocatório durante a visita presidencial norte-americana.
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Num momento em que Joe Biden se aventura numa Ucrânia a um passo da guerra civil, com tudo o que isso implica para o futuro da Europa e para o poder da Rússia, Barack Obama rumou à Ásia para uma difícil missão: amenizar as relações entre o Japão e a Coreia do Sul, refirmando a importância da aliança de ambos com os Estados Unidos, e ao mesmo tempo dar maior relevo ao Sueste Asiático, visitando a Malásia e as Filipinas. Mas é impossível não olhar para esta visita oficial de Obama como um terreno minado: a China (que Obama não visitará nesta viagem) acaba de reacender velhas feridas com o Japão ao mandar apresar um barco nipónico por causa de um litígio anterior à II Guerra Mundial; no Japão, depois de terem sido levantadas restrições ao armamento e também à exportação de armas, 150 deputados visitaram o santuário Yasanuki, onde estão 14 “grandes criminosos de guerra” (ver comentário de Jorge Almeida Fernandes na pág. 21), o que significa um desafio aberto não só à China como à Coreia do Sul; Pequim continua a exibir o seu poderio militar nos mares da China, de modo a manter o Japão em alerta; e a Coreia do Norte, para não ficar à margem, poderá vir a fazer (ou apenas a simular) um teste nuclear provocatório durante a visita presidencial norte-americana.
Tudo isto, junto ou em separado, é mais do que uma dor de cabeça para Obama. Se a visita se tivesse realizado há mais tempo, como era seu propósito, a situação no terreno não era tão complicada. E Obama poderia, talvez, ter evitado que aqui e ali as coisas se agravassem. Mas por razões internas e externas (as batalhas do Congresso, o Médio Oriente, a Síria, o Irão, a Ucrânia) foi sendo adiada e, agora, os esforços para remendar esse atraso serão bem maiores. Se a Ásia, sobretudo aquela que os EUA têm por aliada, esfriar as suas relações, reactivando em simultâneo velhos diferendos internos, vão ser precisas muito mais do que episódicas viagens diplomáticas para evitar um desastre.