A difícil integração da Crimeia na Rússia
Passar de um país para outro criou problemas que transtornam o dia-a-dia na península.
“Vai demorar dois ou três anos para que este caos se resolva, mas até lá temos de continuar a viver”, queixou-se Vladimir Kazarin, professor na universidade local, ao enviado do The New York Times à península que, 60 anos depois de ter sido “doada” pela URSS à Ucrânia, regressou ao país a que a maioria dos habitantes sente como seu.
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“Vai demorar dois ou três anos para que este caos se resolva, mas até lá temos de continuar a viver”, queixou-se Vladimir Kazarin, professor na universidade local, ao enviado do The New York Times à península que, 60 anos depois de ter sido “doada” pela URSS à Ucrânia, regressou ao país a que a maioria dos habitantes sente como seu.
Só que a cisão com Kiev deu origem a um verdadeiro puzzle burocrático que entrava o dia-a-dia. As sucursais dos bancos ucranianos fecharam e são ainda poucos os bancos russos a operar na região, os processos nos tribunais foram suspensos enquanto decorre a adaptação à legislação russa e há milhares à espera para obter passaporte russo.
Nas escolas é previso alterar os currículos, o comércio faz-se ora em moeda russa, ora em moeda ucraniana e a taxa de câmbio é flutuante, conta o jornal norte-americano, acrescentando que muitas empresas estrangeiras fecharam portas e as mercadorias chegam sobretudo pelo ferry que liga a península ao Cáucaso russo.
As autoridades locais, que contam com a ajuda de burocratas enviados por Moscovo, consideram normais as dificuldades e contam já com os investimentos anunciados pela Rússia, incluindo os planos para transformar a região “numa meca do jogo”.
Mas há também quem se sinta intimidado pelas milícias de autodefesa que agora patrulham as ruas, detêm suspeitos e impõe a nova ordem. É o caso de Natalia Rudenko, directora da única escola ucraniana, que contou ter sido afastada depois de os milicianos terem aparecido a querer saber por que não estava o russo a ser usado nas salas de aula.