Rede de bicicletas de uso partilhado nasce entre Santa Apolónia e Algés
A iniciativa é da empresa SlowFastcycles, que está à espera de luz verde do Porto de Lisboa para lançar o sistema. Os utilizadores regulares vão pagar 99 euros por ano e os ocasionais “cerca de 15 euros por dia”.
Quando se tornar uma realidade, aquele que será o primeiro sistema de bicicletas de uso partilhado da cidade de Lisboa disponibilizará 300 veículos de duas rodas, espalhados ao longo de 11 quilómetros. Os interessados poderão levantar as bicicletas em qualquer uma das 12 estações que serão criadas e devolvê-las na mesma ou noutra à sua escolha.
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Quando se tornar uma realidade, aquele que será o primeiro sistema de bicicletas de uso partilhado da cidade de Lisboa disponibilizará 300 veículos de duas rodas, espalhados ao longo de 11 quilómetros. Os interessados poderão levantar as bicicletas em qualquer uma das 12 estações que serão criadas e devolvê-las na mesma ou noutra à sua escolha.
Quem quiser pedalar numa destas bicicletas terá duas hipóteses: registar-se através de uma página na Internet que vai ser criada para o efeito, ou, caso planeie utilizar apenas de forma esporádica este sistema, dirigir-se a uma das estações e utilizar um cartão bancário para fazer o pagamento e levantar o velocípede.
Martim Mayer, um dos sócios da SlowFastcycles, adianta que quem se registar poderá utilizar as bicicletas por 99 euros por ano, seja através de um cartão que receberá para o efeito ou de uma aplicação que poderá descarregar para o smartphone.
Já os utilizadores pontuais poderão pedalar por “cerca de 15 euros por dia”, mas no momento em que levantarem os velocípedes terão de adiantar um valor que ainda não está fechado mas que poderá oscilar entre “150 e 250 euros” e que será devolvido quando as bicicletas forem restituídas.
Questionado sobre se isso não poderá dissuadir potenciais interessados de utilizarem o sistema, Martim Mayer diz que é essa “a prática internacional”. “Não podemos entregar uma bicicleta sem ter uma garantia”, frisa.
A intenção dos responsáveis por este projecto era que ele tivesse arrancado com a chegada da Primavera, a 21 de Março. Mas o facto de a Administração do Porto de Lisboa (APL) não ter ainda formalizado a concessão do negócio à SlowFastcycles, dizem os sócios da empresa, tornou impossível cumprir o calendário previsto.
Então quando passará Lisboa a ter aquele que será o seu primeiro sistema de bicicletas de uso partilhado? Martim Mayer acredita que isso poderá acontecer cerca de dois meses depois de assinado o contrato com aquela sociedade de capitais públicos, que o empresário sublinha ter olhado desde o primeiro dia para esta ideia “com imenso interesse”, o que o leva a apontar Junho ou Julho como datas possíveis.
O PÚBLICO perguntou à APL, que tem jurisdição sobre a área na qual este projecto vai ser desenvolvido, quando é expectável que a contratualização se concretize e quais serão as contrapartidas e as mais-valias desta concessão, mas não foi possível obter resposta em tempo útil.
Martim Mayer conta que foram os sócios da SlowFastcycles que bateram à porta da administração portuária há quase um ano, depois de se terem apercebido do grande volume de turistas que todos os dias chegavam à frente ribeirinha de Lisboa. Nessa altura, já a empresa tinha aberto, na Doca de Santo Amaro, em Alcântara, uma loja de bicicletas e acessórios, com uma oficina onde se fazem trabalhos de reparação e de restauro e com uma cafetaria.
Assim que perceberam que a ideia tinha pés para andar, os empresários decidiram que este seria um sistema de bicicletas de uso partilhado “diferente de tudo o que existe” e não apenas “mais um”, sublinha Martim Mayer. Nesse sentido, decidiram comprar uma participação numa unidade fabril em Águeda, onde vão ser produzidas as bicicletas, concebidas a partir do zero por uma equipa de design industrial. As estações e as docas de estacionamento das bicicletas terão a mesma proveniência.
“Queríamos um produto que, do ponto de vista visual, de atracção do público e também de conforto, fosse claramente diferenciador. O produto vai ser muito bonito, as pessoas vão passar em frente a ele e vai apetecer-lhes usá-lo”, acrescenta outro sócio da empresa, João Rosa. Juntando a isso o facto de a frente ribeirinha de Lisboa ser “uma zona espantosa, um território premium”, o empresário não tem dúvidas de que este serviço de aluguer de bicicletas vai “brilhar”.
“Uma montra viva” para o mundo
"Não há um único sistema de bike-sharing que seja sustentável sem dinheiros públicos”, diz João Rosa. É por isso que o sócio da SlowFastcycles acredita que o modelo que a empresa vai concretizar, e que tem como uma das suas principais premissas ser um negócio sustentável, poderá ser exportado para outros pontos do mundo.
“Temos um modelo que raciona custos e que potencia receitas que não estão a ser exploradas por nenhum outro sistema”, garante Martim Mayer, acrescentando que a frente ribeirinha de Lisboa será “uma montra viva” do serviço que ambicionam vir a vender além-fronteiras. Neste projecto, foi feito um investimento inicial na ordem dos dois milhões de euros.
João Rosa diz que as diferenças estão, por exemplo, na qualidade do produto, que será “fácil de usar, a um preço extraordinariamente justo, e impactante”. Mas também no facto de se pretender que este sistema, que terá um patrocinador que ainda não foi revelado, vá além do simples aluguer de bicicletas. A ideia, explica o empresário, é que em torno do sistema haja “eventos culturais, desportivos e sociais”, que lhe tragam “valor acrescentado” e contribuam para a “criação de centralidades no território” em que está implantado.
A ideia da criação de um sistema de bicicletas de uso partilhado em Lisboa é falada há vários anos, mas ainda não teve qualquer concretização. Depois de ter estado nas mãos da câmara, o projecto foi transferido para a Emel, cujo responsável pela comunicação disse ao PÚBLICO que se mantém a intenção de avançar, embora não saiba dizer quando.