Só 14 das 129 estudantes nigerianas raptadas conseguiram escapar

Raparigas foram levadas do liceu onde estudavam por radicais do movimento Boko Haram.

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O estado de Borno é um dos principais alvos do Boko Haram Pius Utomi Ekpei/AFP

Era a véspera dos exames finais e as estudantes tinham ficado a dormir no liceu estatal de Chibok, uma área de floresta conhecida como esconderijo do Boko Haram, o movimento que tem atacado muitas escolas e reivindicado atentados, como o que matou 71 pessoas numa estação de autocarros em Abuja, a capital nigeriana, um dia antes do rapto.

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Era a véspera dos exames finais e as estudantes tinham ficado a dormir no liceu estatal de Chibok, uma área de floresta conhecida como esconderijo do Boko Haram, o movimento que tem atacado muitas escolas e reivindicado atentados, como o que matou 71 pessoas numa estação de autocarros em Abuja, a capital nigeriana, um dia antes do rapto.

Dezenas de homens chegaram em 60 viaturas, entre camiões e motos e começaram por atacar a vila de Chibok, incendiando edifícios. Depois, mataram um soldado e um polícia que guardavam a escola.

Quatro raparigas conseguiram fugir ainda no caminho, saltando dos camiões em que tinham sido obrigadas a entrar. As outras dez aproveitaram as ordens para apanhar folhas de árvores para lavar loiça: “Foi a oportunidade que aproveitaram para escapar”, diz Kashim Shettima, governador do estado de Borno, um dos que têm sofrido mais ataques do Boko Haram.

“Este é o incidente mais traumático até agora”, afirma Shattima, citado pelo jornal The New York Times. “É muito terrível, triste. Eram raparigas inocentes, estavam a estudar.” Shattima lembra que os raptores “são homens, jovens” e diz que “a maioria destas mulheres serão transformadas em escravas sexuais e cozinheiras”.

As escolas de Borno tinham sido encerradas depois de ataques anteriores do Boko Haram e a maioria das estudantes que tinha exames finais viajou até Maiduguri, a capital do estado, para os fazer. No caso da escola de Chibok, uma zona onde a maioria da população é cristã, “havia garantias dos habitantes locais de que fariam o que fosse preciso para proteger a comunidade”, explica Shattima.

Os militares, que frequentemente exageram os seus sucessos na luta contra o Boko Haram, anunciaram na quarta-feira que só oito das raparigas se encontravam ainda em cativeiro. O porta-voz do Exército, general Chris Olukolade, pediu entretanto desculpas e garantiu ter agido de boa fé, sem intenção de enganar as pessoas.

As famílias das adolescentes raptadas, face à incapacidade do exército em encontrá-las, começaram a organizar elas próprias buscas, relata a AFP. A directora da escola contou que se juntaram para comprar combustível para motas e outros veículos para irem procurar as suas filhas no mato. Foi a directora  Asabe Kwambura que desmentiu as falsas declarações do Exército dizendo que as estudantes tinham sido recuperadas.

Segundo a Amnistia Internacional, os ataques do Boko Haram (que significa “a educação ocidental é um pecado” em haussa) já fizeram 1500 mortos desde o início do ano.