Dez anos para “curar” centro histórico de Viseu, que perdeu 30% da população
A Câmara de Viseu quer projecto “participativo” para recuperar o centro histórico e candidatá-lo a Património da Humanidade
O presidente da autarquia, Almeida Henriques (PSD), deu o “tiro de partida” para uma caminhada de dez anos que culminará com a candidatura à classificação da UNESCO. O anúncio foi feito na sessão de abertura da conferência Para que Serve Um sítio Património da Humanidade, que reuniu em Viseu historiadores e responsáveis por espaços urbanos congéneres já classificados.
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O presidente da autarquia, Almeida Henriques (PSD), deu o “tiro de partida” para uma caminhada de dez anos que culminará com a candidatura à classificação da UNESCO. O anúncio foi feito na sessão de abertura da conferência Para que Serve Um sítio Património da Humanidade, que reuniu em Viseu historiadores e responsáveis por espaços urbanos congéneres já classificados.
"Damos hoje o tiro de partida para uma caminhada de dez anos. Difícil, exigente e arriscada, mas também por isso positiva”, disse o autarca. O próximo passo, sustentou, é o de “preparar um caminho, uma estratégia, uma metodologia e uma equipa para esta candidatura”.
Para Almeida Henriques, independentemente do resultado, o processo da candidatura será sempre “um ganho” porque irá mobilizar a comunidade, os investidores e os turistas.
E mobilização é do que a autarquia necessita para contrariar a tendência dos últimos dez anos, período durante o qual o centro histórico perdeu parte da população. Segundo os dados mais recentes, em 2001 residiam naquela zona 1900 pessoas; hoje serão cerca de 1300. “Dez anos depois, e apesar do crescimento populacional de Viseu – cerca de 20 mil pessoas nos últimos 20 anos – o centro histórico perdeu quase 30% dos residentes”, informou Almeida Henriques.
O autarca apontou ainda outros problemas daquela zona, sobretudo nos edifícios. Dos 628 imóveis, 25% (isto é, 152) estão em elevado estado de degradação, sendo que a maior parte é de construção anterior a 1945. Nos últimos dez anos foram reabilitados 55 imóveis, 11 dos quais por iniciativa da Sociedade de Reabilitação Urbana e os outros por iniciativa privada. Neste momento há mais cinco em fase de concurso público para reabilitação e que permitirão alojar 25 novas famílias.
Segundo Almeida Henriques, o centro histórico é um “coração que bate forte na história, nos afectos e no orgulho, mas bate fraco e doente na fixação de residentes e na atracção de novas famílias". Sublinhou que a revitalização é uma das prioridades do mandato e que irá colocar a consulta pública e em debate participativo a estratégia que vai brevemente apresentar para “dar a volta” àquela área urbana. “Apresentarei aos viseenses as minhas propostas, de forma aberta, sem preconceitos, sem fronteiras, disponível. Dedicarei dois meses a esta participação pública", assegurou. A primeira reunião participativa está agendada para 7 de Maio, com os comerciantes.
A reabilitação dos edifícios para atracção de novos moradores, serviços e actividades económicas, a melhoria da mobilidade e a criação de parques de estacionamento, bem como a valorização de espaços públicos, como o Mercado 2 de Maio (praça da autoria do arquitecto Siza Vieira), são algumas das propostas que o presidente da Câmara de Viseu quer colocar em debate. “E este não pode ser um processo contaminado por divisões, tricas e maledicências, mas de unidade", pediu.
Na conferência que decorreu no Museu Grão Vasco, a câmara aproveitou ainda para apresentar a marca Viseu Melhor Cidade para Viver, inspirada na Cava de Viriato, na Cidade-Jardim e nas personagens históricas que são referências identitárias da região.