Bouteflika votou nas presidenciais da Argélia em cadeira de rodas e em silêncio
Presidente da República não surgia em público há quase um ano.
De cadeia de rodas, muito envelhecido, Bouteflika surgiu acompanhado por dois dos seus irmãos e por um sobrinho ainda criança. Acenou aos jornalistas com a mão direita e fez o mesmo ao pessoal do centro de voto. Deixou-se fotografar enquanto depositava o boletim de voto na urna e sorriu. Depois, regressou a casa sem fazer nenhuma declaração.
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De cadeia de rodas, muito envelhecido, Bouteflika surgiu acompanhado por dois dos seus irmãos e por um sobrinho ainda criança. Acenou aos jornalistas com a mão direita e fez o mesmo ao pessoal do centro de voto. Deixou-se fotografar enquanto depositava o boletim de voto na urna e sorriu. Depois, regressou a casa sem fazer nenhuma declaração.
Ainda a recuperar de um acidente vascular cerebral que lhe afectou a fala e as capacidades motoras, Bouteflika, no poder há 15 anos, é candidato a um quarto mandato e é certo que será reeleito. Mas os rivais políticos dizem que não tem condições de saúde para governar.
A última vez que os argelinos tinham visto o seu chefe de Estado na rua aconteceu durante um comício em Sétif, 300 quilómetros a este de Argel, durante a campanha para as eleições legislativas do ano passado.
Nas presidenciais que se realizaram esta quinta-feira, a campanha ficou totalmente a cargo dos seus ministros – Bouteflika surgiu em imagens televisivas durante breves momentos em duas ocasiões, enquanto recebia responsáveis estrangeiros. Em ambos os encontros pareceu ter um discurso confuso.
Apesar do vencedor anunciado, a campanha foi tensa, com o Governo a acusar o principal rival do Presidente, Ali Benflis, de incitar ao terrorismo, descrevendo como arruaceiros os membros de um novo movimento de protesto: o Barakat (Basta), cujos membros foram várias vezes impedidos de se manifestar pelas forças de segurança.
Recorrendo frequentemente ao discurso do medo – a guerra civil argelina aconteceu durante os anos 1990 e fez 200 mil mortos –, os representantes do regime defenderam que só Bouteflika garante a “estabilidade e a união” do país.
Durante as primeiras horas da ida às urnas, confrontos em várias localidades, onde grupos de jovens se tentaram apoderar de urnas, fizeram 41 feridos, incluindo 28 polícias militares. Para além do Barakat, cinco partidos, laicos e islamistas, juntaram-se numa nova coligação que decidiu apelar ao boicote.
Mais de 260 mil polícias foram mobilizados para garantir a segurança da votação. Perto de 23 milhões de argelinos podem votar em 50 mil centros de voto. Os resultados deverão ser anunciados na sexta-feira.