A Dois Passos do Estrelato

A Dois Passos do Estrelato é a “versão 2014” de À Procura de Sugar Man: o documentário simpático, entusiasmado, “de fã”, que chama a atenção para a carreira ignorada de uma figura esquecida da música dos anos de ouro da soul mais pura e da contra-cultura rock''n''roll. Neste caso, os “holofotes” são assestados sobre as “meninas do coro” - as vocalistas de apoio, quase todas negras, quase todas oriundas dos bancos de igreja, que fizeram nome como coristas em espectáculos e gravações para Phil Spector, Ike & Tina Turner, Rolling Stones ou Joe Cocker, mas que nunca conseguiram singrar enquanto artistas a solo. Merry Clayton, Darlene Love e Lisa Fischer, os três “centros de gravidade” do filme, terão feito mais pela música moderna “a dois passos do estrelato” do que se tivessem tido sucesso em nome próprio? A resposta não é cabal, embora Neville procure equilibrar a celebração da importância que elas tiveram com o lamento do que podia ter sido mas não foi.

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A Dois Passos do Estrelato é a “versão 2014” de À Procura de Sugar Man: o documentário simpático, entusiasmado, “de fã”, que chama a atenção para a carreira ignorada de uma figura esquecida da música dos anos de ouro da soul mais pura e da contra-cultura rock''n''roll. Neste caso, os “holofotes” são assestados sobre as “meninas do coro” - as vocalistas de apoio, quase todas negras, quase todas oriundas dos bancos de igreja, que fizeram nome como coristas em espectáculos e gravações para Phil Spector, Ike & Tina Turner, Rolling Stones ou Joe Cocker, mas que nunca conseguiram singrar enquanto artistas a solo. Merry Clayton, Darlene Love e Lisa Fischer, os três “centros de gravidade” do filme, terão feito mais pela música moderna “a dois passos do estrelato” do que se tivessem tido sucesso em nome próprio? A resposta não é cabal, embora Neville procure equilibrar a celebração da importância que elas tiveram com o lamento do que podia ter sido mas não foi.


A questão, contudo, é outra: este filme simpático, eficaz, que lança luz sobre um recanto interessante da história da música moderna, é pouco entusiasmante como cinema, tem mais de especial televisivo dos canais VH1 ou HBO destinado aos conhecedores que devoram revistas como a Mojo do que de longa-metragem pensada para um público alargado no grande écrã. É pena que não consiga realmente saltar para fora desse nicho; mais pena ainda é que tenha sido este filme a vencer este ano o Óscar de melhor documentário, numa corrida que também incluía duas obras maiores chamadas A Imagem que Falta e O Acto de Matar, provando que o que Hollywood quer dos seus documentários é que não façam grandes ondas...