Draghi avisa que um euro mais forte levará o BCE a agir
Encontros de Primavera terminam sem avanços em relação à reforma do Fundo Monetário Internacional.
Durante o último ano, o euro apreciou-se face ao dólar em 5,5%, mantendo a mesma tendência mesmo numa altura em que os responsáveis do BCE dão indicações de que irão adoptar medidas ainda mais expansionistas, enquanto os da Fed estão já a começar a retirar a dimensão da sua política de estímulos.
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Durante o último ano, o euro apreciou-se face ao dólar em 5,5%, mantendo a mesma tendência mesmo numa altura em que os responsáveis do BCE dão indicações de que irão adoptar medidas ainda mais expansionistas, enquanto os da Fed estão já a começar a retirar a dimensão da sua política de estímulos.
Até agora, o presidente do BCE limitava-se a afirmar que baixar o valor do euro – tornando as suas exportações mais competitivas – não é um objectivo do BCE, sendo apenas mais um factor a considerar na procura da estabilidade de preços. Mas este fim-de-semana, Draghi foi muito mais explícito na sua ameaça de actuar para garantir que o euro não se valoriza ainda mais face às outras divisas, algo que pode conduzir a uma descida ainda mais acentuada dos preços, agravando o perigo de deflação.
“Se queremos que a política [monetária] se mantenha tão expansionista como é agora, um novo fortalecimento da taxa de câmbio exigiria mais estímulos”, afirmou o presidente do BCE em Washington. Este é o mais recente sinal dado pelos responsáveis do BCE de que o banco está a preparar-se para iniciar um programa de compra de activos, que injecte mais liquidez na economia.
O encontro realizado em Washington, que terminou ontem, ficou também marcado pelo insucesso na tentativa de avançar no processo de reforma do FMI. Os países emergentes reforçaram as suas críticas aos Estados Unidos por continuar a não haver uma aprovação do Congresso à alteração da distribuição de quotas no FMI, mas não parecem ter obtido qualquer resposta satisfatória das autoridades norte-americanas. Ontem, o sentimento estre os participantes é que se estava perante um impasse.
Um dos participantes na negociação citado pela Reuters mostrava um grande pessimismo em relação à possibilidade de aquilo que ficou acordado – e que incluía a cedência de quotas por parte dos EUA e da Europa em favor das potências emergentes – pudesse ainda vir a ser efectivamente adoptado. “Se perdemos o pacote negocial de 2010, vamos ter de começar tudo de novo. Como é que ultrapassamos isto? Ninguém quer passar por todo este processo por uma segunda vez”, afirma.
E o ministro brasileiro das Finanças, Guido Mantega, avança já com a hipótese de soluções que não contem com a participação dos EUA. “O FMI não pode continuar paralisado e adiar o seu compromisso com uma reforma. Alternativas para avançar com as reformas têm de ser encontradas se os principais accionistas não resolverem os seus problemas políticos”, disse.