Sophia será trasladada para o Panteão a 2 de Julho

Cerimónia acontecerá no dia em que passam dez anos sobre a morte da escritora e não a 25 de Abril.

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Daniel Rocha

A trasladação acontecerá no dia em que passam dez anos da morte da escritora e, segundo a edição deste sábado do semanário Expresso, o programa oficial já está definido.

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A trasladação acontecerá no dia em que passam dez anos da morte da escritora e, segundo a edição deste sábado do semanário Expresso, o programa oficial já está definido.

A fonte do grupo de trabalho confirmou à Lusa que o percurso para a trasladação – do cemitério de Carnide para o Panteão Nacional – incluirá passagem pela Capela do Rato, onde decorrerá uma missa, e pela Assembleia da República.

No Panteão Nacional está prevista uma actuação da Companhia Nacional de Bailado e do Coro do Teatro Nacional de São Carlos e José Manuel dos Santos, director cultural da Fundação EDP e amigo da família da escritora, fará uma leitura na cerimónia.

Maria Andresen, filha da escritora, afirmou à Lusa que faz mais sentido que a trasladação aconteça a 2 de Julho e não a 25 de Abril – como chegou a ser falado –, tendo em conta que "neste momento se recusa a presença dos militares do 25 de Abril [na Assembleia da República]. Mais vale a minha mãe estar fora disso, das comemorações".

Em Fevereiro, a Assembleia da República aprovou por unanimidade a concessão de honras de Panteão Nacional à poeta e a criação de um grupo de trabalho para determinar a data e o programa da trasladação.

Na resolução aprovada, os deputados afirmaram que a trasladação é uma forma de homenagear "a escritora universal, a mulher digna, a cidadã corajosa, a portuguesa insigne" e evocar "o seu exemplo de fidelidade aos valores da liberdade e da justiça".
Sustentando a decisão da trasladação, os deputados afirmaram ainda que para Sophia de Mello Breyner Andresen "a intervenção política fez-se sempre por imperativos morais e poéticos".

Nascida no Porto em 1919, Sophia de Mello Breyner Andresen foi a segunda mulher a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999.

A escritora foi co-fundadora da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos durante a ditadura e, após o 25 de Abril de 1974, foi eleita deputada à Assembleia Constituinte.

Por ocasião dos dez anos da morte de Sophia de Melo Breyner, Maria Andresen afirmou à Lusa que a página na Internet com toda a documentação da escritora vai ser actualizada e que foi criada uma equipa, coordenada por Carlos Mendes de Sousa, para estudar os manuscritos inéditos de poesia.

A efeméride dos dez anos da morte e a ideia da trasladação foi abordada num texto de opinião, publicado em Dezembro do ano passado no PÚBLICO, da autoria de José Manuel dos Santos.