Artista chinês vende frasco com ar limpo em Pequim

Obra criada em protesto contra a poluição na capital chinesa foi vendida por cerca de 616 euros

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Stringer/Reuters

O artista Liang Kegang apresentou em Pequim no final do mês passado uma nova obra. Um pequeno frasco em vidro, com três etiquetas, e no interior aparentemente nada. O trabalho foi a forma de protesto que Liang encontrou contra aquele que é um dos maiores problemas ambientais da capital chinesa: a poluição do ar. No interior do frasco, segundo o artista, estava ar puro, que acabou vendido em leilão.

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O artista Liang Kegang apresentou em Pequim no final do mês passado uma nova obra. Um pequeno frasco em vidro, com três etiquetas, e no interior aparentemente nada. O trabalho foi a forma de protesto que Liang encontrou contra aquele que é um dos maiores problemas ambientais da capital chinesa: a poluição do ar. No interior do frasco, segundo o artista, estava ar puro, que acabou vendido em leilão.

Liang esteve numa aldeia no Sul de França, no final de Março e a diferença do ar que ali se respirava com a sua natal Pequim era dramática. Tão dramática que decidiu enfrascar uma amostra daquele ar puro num pequeno frasco que trouxe de volta ao seu país. Sobre o vidro do frasco colocou três etiquetas: uma com o nome e coordenadas da aldeia de Forcalquier, onde fechou o frasco; outra que dizia Ar em Provença, França, escrito em francês; e uma com a sua assinatura e a data 29 de Março.

Já em Pequim, Liang decidiu vender a sua obra conceptual num leilão onde estiveram cerca de 100 artistas e coleccionadores chineses. A venda valeu-lhe 5250 yuans (616 euros).

Numa entrevista citada pelo "The Guardian", o artista afirmou que o “ar devia ser a mais valiosa comodidade, livre de respirar por qualquer um”. “Esta é a minha forma de questionar a falta de ar na China e expressar a minha insatisfação”, acrescentou.

Liang pode ter tido uma ideia original para se manifestar mas não é o primeiro artista a desenvolver acções de protesto contra a poluição do ar na China, que várias vezes foi considerada perigosa para a população pela Organização Mundial de Saúde.

Em Fevereiro último, um grupo de 20 artistas de Pequim colocaram máscaras protectoras e deitaram-se em frente a um altar no parque Templo do Céu, onde permaneceram inertes, como se estivessem mortos. Um mês depois, outros artistas simularam um funeral em Changsha, Sul da China, para representar aquela que seria a cerimónia fúnebre da última pessoa na cidade que até ali tinha sobrevivido à poluição.

A venda de ar embalado pode parecer disparatada para alguns mas é encarada como um possível negócio na China. Por exemplo, na província de Guizhou, onde o ar é limpo, o gabinete de turismo local anunciou que pondera vender ar em latas como lembrança para os turistas. Também na província de Henan (Centro), está a ser promovido um resort numa zona montanhosa onde o ar é puro. Aos turistas e moradores locais são oferecidos sacos com ar.