"Reeva não respondeu porque tinha medo de si", disse o procurador a Pistorius
Acusação põe em causa declarações do atleta sobre os momentos em que disparou sobre a namorada.
O campeão paralímpico e atleta olímpico sul-africano - acusado pelo crime que ocorreu a 14 de Feveriero do ano passado - não conseguiu responder e o procurador Gerrie Nel, conhecido por pitbull, dada a sua conhecida agressividade na sala de tribunal, marcou pontos para a teoria que quer ver provada: “Reeva Steenkamp não respondeu porque tinha medo de si!”
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O campeão paralímpico e atleta olímpico sul-africano - acusado pelo crime que ocorreu a 14 de Feveriero do ano passado - não conseguiu responder e o procurador Gerrie Nel, conhecido por pitbull, dada a sua conhecida agressividade na sala de tribunal, marcou pontos para a teoria que quer ver provada: “Reeva Steenkamp não respondeu porque tinha medo de si!”
Para a acusação, está para além do aceitável que Reeva Steenkamp tenha ficado calada na casa de banho enquanto Pistorius, armado e a gritar, se tinha fechado numa parte separada da mesma casa de banho, na zona onde ficava a banheira, por acreditar que se tinham introduzido ladrões em casa durante a noite. Pistorius, que começou a dar o seu testemunho esta semana, diz que pensava que a namorada estava na cama, e que o que aconteceu foi um lamentável acidente.
O procurador Gerrie Nel quer, no entanto, provar que esta história não é verosímil – vizinhos de Pistorius ouviram gritos de mulher, antes e depois dos tiros. “Ela está acordada. Está na casa de banho. Você está a gritar. Está a três metros dela. Ela teria respondido. Não ficaria calada, sr. Pistorius”, lançou-lhe Nel.
“Ela não respondeu, senhora juíza”, disse directamente à juíza Thokozile Masipa (como mando o protocolo do tribunal) um perturbado Pistorius. “Não gritou enquanto disparou quatro tiros?”, insistiu o procurador. “Não, senhora”, garantiu o atleta. “Quem me dera que ela me tivesse diro que estava ali. Foi disparado um tiro. Fiquei com um zumbido nos ouvidos. Mas quando parei de disparar, estava a gritar e nem sequer me conseguia ouvir a mim próprio”, reconheceu.
A partir daqui, Gerrie Nel partiu para o ponto central da sua acusação: o casal teve uma discussão, e Steenkamp refugiou-se na casa de banho. Frustrado, Pistorius teria disparado contra ela através da porta fechada. Reeva Steenkamp foi atingida por três das quatro balas de nove milímetros disparadas por Pistorius. A primeira atingiu-a na anca e a última na cabeça, matando-a quase instantaneamente.
“Sabia que Reeva estava através da porta e disparou contra ele”, atacou Nel. Pistorius, que enfrenta uma pena de prisão perpétua se for considerado culpado, negou a acusação, com a voz embargada de emoção, relata a Reuters.