Vice de Jardim candidata-se a líder “sem paternalismos” e para mudar
João Cunha e Silva, quinto candidato à sucessão de Jardim, promete “mudar o que for preciso” com “respeito pelo legado histórico que é património do PSD”.
“O meu adversário não será Alberto João Jardim, mas os líderes da oposição”, avisou o candidato, distanciando-se de outros concorrentes que, disse, se “têm apresentado publicamente com um discurso que se demarca claramente do PSD e se aproxima muito do discurso que até agora tem sido o da oposição”.
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“O meu adversário não será Alberto João Jardim, mas os líderes da oposição”, avisou o candidato, distanciando-se de outros concorrentes que, disse, se “têm apresentado publicamente com um discurso que se demarca claramente do PSD e se aproxima muito do discurso que até agora tem sido o da oposição”.
Pelo “discurso do PSD”, Cunha e Silva disse que “ninguém pode branquear os anos notáveis que [Jardim] desenvolveu em prol da região”, “mesmo que daí advenham menos vantagens eleitorais”. “Quero um partido orgulhoso do seu passado e disponível para a mudança que os tempos impõem e exigem”, frisou.
No acto de apresentação da candidatura, simbolicamente realizada no auditório da antiga Caixa de Previdência onde foi fundado o PPD/PSD e ocorreu a primeira clivagem e disputa pela liderança, Cunha e Silva asseverou que “mudará o que for preciso mudar”, com “respeito pelo legado histórico que é património deste partido”.
Rodeado de figuras históricas e jovens quadros do PSD madeirense, lembrou que não é o candidato proposto por Jardim, numa referência a Manuel António Correia, também membro do governo. “Não tenho padrinhos”, disse. E, numa indirecta aos restantes candidatos - Miguel Albuquerque, Sérgio Marques e Miguel de Sousa -, acrescentou: “Não pertenço a grupos económicos. Não tenho nem faço parte de qualquer sociedade. Não ando nos negócios ou especulações. Sou um homem livre que voa nas asas dos militantes do partido”.
Filho de António Gil Silva, militante número um do PPD/PPS na Madeira, Cunha e Silva recordou o seu passado como primeiro filiado da JSD regional e seu primeiro líder. “Sempre estive aqui e daqui não vou sair”, acrescentou, rejeitando um novo partido.
Lembrou que foi vice-presidente da assembleia regional, responsável pelo processo de revisão do Estatuto Politico-Administrativo da Madeira que culminou com a “rara aprovação, por unanimidade e aclamação da Assembleia da República” em 1991 e que exerce há quase 14 anos o cargo de vice-presidente do governo. “Fui quase tudo no partido” e “orgulho-me de ter contribuído para os melhores anos da região no que concerne a crescimento, desenvolvimento e emprego”.
Cunha e Silva disse também discordar dos outros candidatos que defenderam a antecipação de eleições internas e concomitantemente de eleições regionais. “As medidas que o Governo da República vem tomando atingem de forma dolorosa a generalidade dos portugueses. Por força disso a clivagem entre o governo e a sociedade civil é grande e está a atingir um ponto de saturação social”, lembrou Cunha e Silva para concluir que “querer fazer eleições nesta altura pode ser do interesse privado de algumas pessoas mas não seria, com certeza, do PSD/ Madeira”.
Também justificou porque não apresentou ontem um programa de governo, que, adiantou, terá como principal desafio “adaptar o modelo de desenvolvimento económico às novas circunstâncias e à nova conjuntura”. “Estas são eleições para o partido e não para o governo. Quem vencer o partido, terá um ano à sua frente para tratar de unir as hostes, reunir a equipa, elaborar o projecto e caminhar para ganhar as eleições regionais. Cada coisa no seu tempo”, disse.
Segundo declarou o também presidente do conselho regional do PSD e advogado de profissão, “são as pessoas que estão no centro” da sua candidatura. “Tudo o mais é instrumental, a economia, as finanças, a educação, a saúde e gira à volta delas”, declarou Cunha e Silva que, reiterando anterior crítica ao primeiro-ministro, defendeu que “para salvar Portugal não era preciso matar os portugueses”.