Governo recusa cenário de que Finlândia condiciona decisão sobre saída de Portugal

Marques Guedes garante que questão não se aplica “neste momento” a Portugal e diz que Olli Rehn estava apenas a fazer campanha política quando falou sobre o assunto. Decisão sobre saída será tomada até dia 5 de Maio.

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Luís Marques Guedes, ministro dos Assuntos Parlamentares. Pedro Nunes

Olli Rehn, que foi durante os últimos cinco anos o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, afirmou ontem que é a Finlândia, o seu país de origem, e não a Alemanha, que está a pressionar Portugal a optar por sair de forma “limpa” do programa da troika, que termina a 17 de Maio. Esta pressão decorre do facto de a Finlândia exigir garantias de todos os países que recebem empréstimos da zona euro. Daí que a Irlanda tenha sido empurrada, diz Rehn, para ter uma saída limpa em vez de um programa cautelar.

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Olli Rehn, que foi durante os últimos cinco anos o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, afirmou ontem que é a Finlândia, o seu país de origem, e não a Alemanha, que está a pressionar Portugal a optar por sair de forma “limpa” do programa da troika, que termina a 17 de Maio. Esta pressão decorre do facto de a Finlândia exigir garantias de todos os países que recebem empréstimos da zona euro. Daí que a Irlanda tenha sido empurrada, diz Rehn, para ter uma saída limpa em vez de um programa cautelar.

“Essas declarações do actual comissário europeu Olli Rehn inserem-se em questões internas da própria política finlandesa”, apontou Luís Marques Guedes quando questionado sobre o assunto na conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros. Marques Guedes lembrou que Rehn “é candidato ao Parlamento Europeu” e por isso “aproveitou para fazer uma crítica ao que acha que tinha sido um comportamento ou uma conduta menos europeísta por parte do seu país em relação à Irlanda, dizendo que os obstáculos ou as condições que a Finlândia na altura terá avançado à Irlanda empurraram um bocadinho este país para uma solução [de saída do programa da troika] diferente daquela pela qual podia ter optado”.

Mas o ministro garante que “no caso português a questão não se aplica minimamente neste momento porque não houve ainda nenhum contacto entre da parte do Governo português com o Governo finlandês relativamente à saída do programa, nem num sentido nem noutro”. Não falou com o Governo da Finlândia “nem com qualquer outro”, fez questão de salientar mais tarde Marques Guedes.

“Nem nós conhecemos a posição que a Finlândia poderá ter relativamente àquela que for a posição do Governo português, nem solicitamos nenhum esclarecimento sobre essa matéria”, vincou Luís Marques Guedes. Reiterou que “o assunto não faz sentido relativamente a Portugal” e que as declarações de Olli Rehn “devem ser olhadas no contexto da política interna finlandesa. É uma crítica à postura finlandesa sobre a saída da Irlanda.” E prometeu que quando o Governo decidir qual a forma mais adequada para a saída do programa “os portugueses são informados”.

Luís Marques Guedes voltou a afirmar que ainda não há qualquer decisão de Portugal, e especificou que o Governo irá tomá-la até dia 5 de Maio, data em que se realiza a última reunião do Eurogrupo antes do prazo do final do programa de assistência financeira português. E vincou que o mesmo se passou com a Irlanda: o país deixou o anúncio da sua opção de saída do programa também para o último encontro do Eurogrupo. O país anunciou a sua decisão a 14 de Novembro e concluiu o programa de ajustamento a 15 de Dezembro.