Todos podem ajudar a criar o mapa da biodiversidade da Serra da Estrela
Plataforma GeObserver reúne informações sobre fauna e flora recolhidas por quem visita a serra. Maio e Junho são os meses mais propícios à observação de espécies.
Criado em Agosto de 2012, o GeObserver assenta num sistema de informação geográfica que reúne informações recolhidas por quem visita o Parque Natural da Serra da Estrela – sobre fauna, flora, clima, condições das estradas em dias de neve e dos trilhos pedestres – e que antes estavam dispersas, ou eram mesmo desconhecidas.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Criado em Agosto de 2012, o GeObserver assenta num sistema de informação geográfica que reúne informações recolhidas por quem visita o Parque Natural da Serra da Estrela – sobre fauna, flora, clima, condições das estradas em dias de neve e dos trilhos pedestres – e que antes estavam dispersas, ou eram mesmo desconhecidas.
Um dos objectivos deste projecto é criar um mapa da biodiversidade da serra com os contributos de quem a visita, como fotografias e pormenores sobre o local e as espécies encontradas. Até agora foram inseridas mais de 2500 observações de animais, 370 sobre flora e cerca de 250 sobre fungos. O Verão é a época do ano com mais observações. A iniciativa “Vamos criar o mapa da biodiversidade da Serra da Estrela”, que estreou no ano passado e se repete agora, visa aumentar estes números.
“Esta experiência de abertura da plataforma aos cidadãos e a possibilidade de qualquer pessoa poder contribuir para o conhecimento criou já uma teia de troca de dados e conhecimento que se estendeu à Europa”, explica ao PÚBLICO Paulo Silva, fundador e um dos coordenadores do projecto. Ao GeObserver já chegaram registos de pessoas que vivem na zona do Parque Natural da Serra da Estrela mas também de residentes no resto do país, ou mesmo de Espanha, Alemanha e Itália.
“O que também tem acontecido é que alguns fotógrafos registam fotografias de animais e plantas para saberem o nome das espécies”, acabando por contribuir para actualizar e enriquecer a plataforma, explica Paulo Silva. Foi assim que se descobriu, por exemplo, que existe na serra um casal de águias-de-Bonelli (Hieraaetus fasciatus) - os últimos registos da presença da espécie na zona tinham quase 20 anos.
Os dados são depois analisados e validados por uma equipa de mais de 20 técnicos, como biólogos, meteorologistas, especialistas em Geografia ou Informática – não só de Portugal mas também da Agência Nacional para as Novas tecnologias em Roma (que fez estudos na Estrela), Universidade de Córdoba, Universidade de Nijmegen (Holanda).
No fim para que serve este mapa da biodiversidade? Paulo Silva responde: “Serve para sabermos em que zonas predominam determinadas espécies, em que meses do ano, em que condições meteorológicas, se mudam de lugar consoante a altura do ano, e assim conhecer melhor a biodiversidade da Estrela.”
Segundo o fundador do GeObserver, os dados têm sido utilizados por alunos, professores e investigadores da Universidade de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Aveiro, Instituto Politécnico de Beja e Universidade do Algarve.
Para divulgar a biodiversidade da serra da Estrela e incentivar a sua protecção, o GeObserver, as associações Amigos da Serra da Estrela (ASE) e Aldeia (parceiras do projecto) vão organizar o I Acampamento de História Natural, de 21 a 25 de Julho. Os estudantes dos ensinos secundário e superior são os principais destinatários deste acampamento, mas qualquer pessoa pode inscrever-se.
O GeObserver não tem fins lucrativos. Funciona com base em apoios e parcerias com a ASE, o Centro de Interpretação Ambiental da Serra da Estrela, o Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, o portal Naturdata, a Quercus e o Instituto Politécnico de Setúbal. O próximo passo é replicar o sistema em Portugal e nos países da CPLP.