Rebeldes pró-russos proclamam a independência de Donetsk

Presidente interino da Ucrânia responsabiliza a Rússia pelas manobras secessionistas e promete mão dura contra "aqueles que pegarem em armas" contra Kiev.

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“A república popular de Donetsk será criada dentro dos limites administrativos da região. A decisão entrará em vigor depois da celebração do referendo”, anunciou, em russo, um dos líderes do autoproclamado Conselho Popular de Donetsk, dando como certo um desfecho semelhante ao da Crimeia, após o voto pela aut-determinação da cidade que é o coração industrial da Ucrânia – e onde uma parcela significativa da população defende a “Ucrânia unida”, segundo apontam as sondagens.

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“A república popular de Donetsk será criada dentro dos limites administrativos da região. A decisão entrará em vigor depois da celebração do referendo”, anunciou, em russo, um dos líderes do autoproclamado Conselho Popular de Donetsk, dando como certo um desfecho semelhante ao da Crimeia, após o voto pela aut-determinação da cidade que é o coração industrial da Ucrânia – e onde uma parcela significativa da população defende a “Ucrânia unida”, segundo apontam as sondagens.

É a “segunda vaga” da ofensiva russa na Ucrânia, alertou o Presidente interino, Olexander Turchinov, referindo-se às manobras separatistas em Donetsk e ainda em Lugansk e Kharkov, na fronteira com a Rússia. Nas três cidades, as forças de segurança foram incapazes de conter os rebeldes e activistas que assaltaram as sedes do poder de Kiev, apossando-se do arsenal disponível e içando a bandeira da Rússia, entre vivas ao Presidente Vladimir Putin.

Turchinov cancelou uma deslocação oficial à Lituânia para poder vigiar pessoalmente a “campanha” de resposta ao secessionismo e desmembramento da Ucrânia. “As leis antiterrorismo serão adoptadas contra todos aqueles que pegarem em armas”, avisou o Presidente, acrescentando que na terça-feira o Parlamento vai debater penalizações mais duras para os indivíduos e as organizações políticas envolvidas em acções separatistas.

Antecipando a reacção de Kiev, o “novo órgão de poder” de Donetsk pediu apoio a Moscovo para resistir à “junta” que tomou conta do Governo ucraniano. “Em Kiev houve uma revolução e aqui também haverá. Não há qualquer possibilidade de marcha atrás”, previu o líder da “república” de Donetsk, Andrei Purgin, ao jornal espanhol El País.

Mas contrariando as expectativas dos activistas pró-russos, as forças do regime não reagiram à ofensiva sobre os edifícios da administração local: a ordem vinda de Kiev foi para não recorrer à força e muito menos à violência contra os rebeldes. “Há um plano de desestabilização em marcha, para criar uma situação em que as tropas estrangeiras atravessem a fronteira e invadam o país. Este cenário foi escrito pela Federação da Rússia, mas não o vamos permitir”, explicou o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Iatseniuk, que convocou uma reunião de emergência do executivo perante a escalada da tensão no Leste.

Moscovo mantém cerca de 40 mil soldados russos estacionados a 30 quilómetros da fronteira, disponíveis para “defender por todos os meios” as populações russófilas das antigas repúblicas soviéticas que sejam alvo de agressão, reafirmou Vladimir Putin.

Em declarações à agência RIA Novosti, o vice-presidente da câmara alta do parlamento russo, Ilias Ukhmanov, distinguiu os acontecimentos em Donetsk dos eventos na Crimeia, anexada pela Rússia no mês passado. “A presente situação exige outro tipo de avaliação, que tenha em conta o contexto histórico, político e jurídico. Não podemos dizer automaticamente que é um reflexo do que se passou na Crimeia e em Sebastopol”, considerou. Para Ukhmanov, o desejo de autodeterminação da população de Donetsk é uma “reacção natural” à política de Kiev que “não autoriza o desenvolvimento de línguas ou minorias nacionais ou outras religiões” e também um “sinal de que o actual regime deve promover uma reforma constitucional, se quer preservar a integridade territorial da Ucrânia”.