Ministros franceses foram a Berlim dar garantias sobre o défice
Responsáveis negam-se a confirmar se a França vai pedir mais tempo para acertar as contas públicas.
A reunião entre os responsáveis da Economia, o francês Arnaud Montebourg e o alemão Sigmar Gabriel, não deu direito a conferência de imprensa. Mas após o encontro entre os homens das Finanças, Michel Sapin e Wolfgang Schäuble, os dois responsáveis abriram as portas à imprensa, embora sem pormenores sobre o tema que mais expectativas gera actualmente - o de saber se França vai ou não pedir mais um alongamento do prazo para cumprir as metas do défice.
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A reunião entre os responsáveis da Economia, o francês Arnaud Montebourg e o alemão Sigmar Gabriel, não deu direito a conferência de imprensa. Mas após o encontro entre os homens das Finanças, Michel Sapin e Wolfgang Schäuble, os dois responsáveis abriram as portas à imprensa, embora sem pormenores sobre o tema que mais expectativas gera actualmente - o de saber se França vai ou não pedir mais um alongamento do prazo para cumprir as metas do défice.
Sapin desdobrou-se em garantias de que Paris está a preparar medidas "difíceis, mas corajosas" para cortar o défice público. Elas irão passar, segundo o ministro francês, por um conjunto de poupanças na órbita do Estado e por acções que potenciem o crescimento económico. Mas não esclareceu se o seu governo irá pedir mais tempo para conter o défice público abaixo dos 3%.
Com um buraco nas contas públicas equivalente a 4,3% do produto interno bruto (PIB) em 2013, Paris já conseguira que a Comissão Europeia lhe concedesse mais um ano para conter os gastos. Mas surgiram, entretanto, indicações que um novo adiamento terá sido solicitado, a ponto de o actual presidente do Parlamento Europeu, o socialista alemão Martin Schulz, ter dito que "se for necessário, então sim, mas antes terá que ser negociado".
No âmbito da campanha para as eleições locais francesas, cuja segunda volta se realizou há pouco mais de uma semana, o próprio presidente François Hollande, respondendo a quem exige um abrandamento dos níveis de austeridade, deu a entender que o pedido de mais tempo para conter o défice iria ser feito.
No final do encontro com Schäuble, o ministro francês das Finanças garantiu que a prioridade do seu executivo "é respeitar os compromissos assumidos". Não se referiu a alongamento de prazos, deixando em aberto essa questão para o discurso que o novo primeiro-ministro, Manuel Valls, pronunciará esta terça-feira na Assembleia Nacional, em Paris, e no qual clarificará o conjunto de políticas que pretende pôr em prática.
Esta é uma questão sensível, numa zona euro onde há países sob ajuste financeiro (como Portugal) que estão obrigados a uma rigorosa disciplina orçamental. Abrir excepções para as maiores potências da moeda única poderia pôr em causa a solidez política no espaço europeu e impôr a ideia de que região funciona a duas velocidades.
No final do encontro, Schäuble não se pronunciou sobre o tema. Preferiu uma afirmação genérica: "A Alemanha precisa de uma França forte e já dissemos, após o presidente Hollande ter anunciado o Pacto de Responsabilidade, que entendemos que se trata de um bom plano de acção e que confiamos que a França continuará a ter sucesso nas suas políticas e a ser uma nação forte".