Prémios Nobel consideram desafio as doenças associadas ao envelhecimento
Com cada vez mais pessoas a chegarem aos 100 anos e a ultrapassarem essa idade "as demências" vão aumentar.
As doenças que causam mais mortes hoje, como “o cancro, as doenças cardiovasculares e as infecções”, irão “tender a desaparecer”, defendeu o americano Bruce Beutler, acreditando que “os desafios do futuro passam por doenças relacionadas com o processo de envelhecimento”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
As doenças que causam mais mortes hoje, como “o cancro, as doenças cardiovasculares e as infecções”, irão “tender a desaparecer”, defendeu o americano Bruce Beutler, acreditando que “os desafios do futuro passam por doenças relacionadas com o processo de envelhecimento”.
O Nobel da Medicina de 2011 elegeu as “doenças neurodegenerativas” como um problema para o futuro, “quando mais e mais pessoas chegarão aos 100 e 110 anos de vida”.
Bruce Beutler recordou que o próprio cancro “era muito raro porque as pessoas não viviam tempo suficiente para o chegar a ter”. Também o britânico Tim Hunt considerou que as doenças “vão estar cada vez mais ligadas à longevidade”.
Apesar de esperar que “o cancro aumente” porque a esperança média de vida vai aumentar, a demência, “mais presente na população idosa”, será um dos desafios da medicina, aclarou.
O Prémio Nobel da Medicina de 2001 salientou que “o espectro de doenças está a mudar” e que as demências, “se eram raras há uma geração atrás”, vão agora surgir “com mais frequência”.
“Uma franja significativa da população terá problemas relacionados com a demência”, disse, frisando que as doenças cerebrais, “de que ainda pouco se sabe e pouco se estuda”, irão ganhar preponderância na investigação científica.
Contudo, Tim Hunt alertou que “sonhos de imortalidade são tolos”, mostrando-se preocupado com o próprio “fardo” que pessoas idosas com demência ou outras doenças relacionadas com o envelhecimento poderão causar “à sociedade”.
Face “à dor e ao sofrimento” sentido por este tipo de doentes, Tim Hunt defendeu que a legalização da eutanásia é “uma abordagem racional” ao problema.
Tim Hunt e Bruce Beutler falavam à agência Lusa num encontro com a imprensa, em Coimbra, depois de terem estado presentes na inauguração do Centro de Ensaios Clínicos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que decorreu na sexta-feira.