Constâncio não se recorda de ter sido convocado por Barroso sobre o BPN

Ex-governador do Banco de Portugal reage a entrevista de Durão Barroso.

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Vítor Constâncio AFP

As declarações do actual vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) foram feitas em reacção à entrevista de Durão Barroso do passado fim-de-semana ao Expresso e à SIC, em que afirmou: “Eu, quando era primeiro-ministro, chamei três vezes o Vítor Constâncio a São Bento para saber se aquilo que se dizia do BPN era verdade”.

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As declarações do actual vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) foram feitas em reacção à entrevista de Durão Barroso do passado fim-de-semana ao Expresso e à SIC, em que afirmou: “Eu, quando era primeiro-ministro, chamei três vezes o Vítor Constâncio a São Bento para saber se aquilo que se dizia do BPN era verdade”.

“Depois de tantos anos, não me recordo se alguma vez fui convocado expressamente sobre assuntos relativos ao BPN”, reagiu Constâncio aos jornalistas, à margem de uma reunião dos ministros europeus das Finanças, em Atenas. “Mas recordo que, numa conversa geral, se falou do BPN, em termos de preocupações com o BPN, mas sem nada de muito concreto”, acrescentou.

Convocado “alguma vez expressamente e exclusivamente para falar sobre o BPN, honestamente, não me recordo”, insistiu. “Mas estive várias vezes com o então primeiro-ministro e falámos de muitas coisas, e, como disse há pouco, também do BPN, embora, repito, sem qualquer evidência sobre irregularidades concretas que pudessem ser imediatamente investigadas”, vincou.

“Sobre esta questão, o mais importante é que nunca recebi qualquer informação sobre possíveis irregularidades concretas no BPN”, disse ainda Constâncio, considerando que este foi o banco “de todo o sistema mais vezes inspeccionado pelo Banco de Portugal”, o que conduziu, “ao longo dos anos, a impor aumentos de capital, a partir de certa altura acima dos mínimos regulamentares, a aumentar provisões e a impedir que o banco abrisse o capital na bolsa”. Ou seja, “houve actividade naquilo que é a supervisão, que, evidentemente, actua dentro de certos limites, que, por vezes, não são totalmente compreendidos”, frisou.

Ainda segundo o ex-governador, “só em 2008” o Banco de Portugal recebeu “uma carta anónima que permitiu uma investigação que conduziu, pouco tempo depois, à obtenção da confissão pela então recente gestão do banco de que existia uma dupla contabilidade no BPN, sendo que uma contabilidade era secreta, para esconder irregularidades e perdas”. Uma situação que constitui, “dada a fraude existente, um caso criminal”, sublinhou.