Sismógrafo: uma alegoria das metamorfoses da arte e da vida
Nesta exposição, o bicho-da-seda e as suas mudanças são uma alegoria acerca das metamorfoses da arte e da vida
“Fecit potentiam” é a história de uma transformação; a história do processo de transformação do bicho-da-seda. Na verdade, o bicho-da-seda e as suas mudanças são uma alegoria acerca das metamorfoses da arte e da vida.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“Fecit potentiam” é a história de uma transformação; a história do processo de transformação do bicho-da-seda. Na verdade, o bicho-da-seda e as suas mudanças são uma alegoria acerca das metamorfoses da arte e da vida.
Na nova exposição de Sebastião Resende, a escultura, a fotografia e a instalação permitem desenvolver um “novo corpo de investigação”. Na primeira das duas salas do Sismógrafo, um novo espaço de exposições no Porto, Sebastião Resende apresenta duas esculturas de grandes dimensões em cartão: o artista alojou, em uma delas, uma colecção de terra e areia que é oriunda de locais tão díspares quanto Cabo Verde ou Palestina.
Por sua vez, as esculturas estabelecem uma relação com uma série de oito imagens que revelam, precisamente, os materiais que as esculturas agora ocultam, num registo fotográfico próximo da geologia, arqueologia ou até da museologia.
Na segunda sala, o visitante depara com a obra que dá título à exposição: “Fecit potentiam” é uma instalação composta por uma maqueta – a do Museu de Arte Contemporânea de Serralves –, e por um conjunto de imagens que documentam as fases da sua construção, os sons e um “atlas” dedicado à bombyx mori, o nome latino da mariposa com origem na larva que é conhecida como bicho-da-seda.
“Fecit Potentiam” inspira-se no título de um dos movimentos do “Magnificat”, de J.S. Bach e traduz assim “uma vontade de transgressão dos limites, sociais, institucionais, económicos, que ainda continuam a condicionar quer o fazer artístico, quer os modos de acesso e transmissão de um saber em constante mutação”. No fundo, estará o museu, cada vez mais sujeito a uma condição de mausoléu?
A exposição pode ser vista até 5 de Abril no Sismógrafo, no número 56, 1º, da praça dos Poveiros, no Porto, uma galeria criada pela associação Salto no Vazio. A associação foi criada com a intenção de ser uma alternativa às artes plásticas na cidade, definindo-se como organização sem fins lucrativos. As instalações da galeria foram recuperadas pelos seus próprios membros, do reboco das paredes até à instalação eléctrica. “Fecit potentiam” pode ser vista apenas entre as quintas e sábados, sempre das 16h00 às 19h00