Rangel diz que manifesto "não teve adesão dos portugueses" e já "saiu da agenda”

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Rangel lembrou dois casos recentes de projectos que o actual Governo critica ou até já abandonou Rui Gaudêncio

Ao contrário daquilo que os seus promotores “julgavam”, o documento, intitulado Reestruturar a dívida insustentável e promover o crescimento, recusando a austeridade, "não teve a repercussão que se esperava, nem teve a adesão dos portugueses", sustentou Paulo Rangel, que falava aos jornalistas, em Coimbra, à margem de um debate sobre a Europa, promovido pelo PSD local.

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Ao contrário daquilo que os seus promotores “julgavam”, o documento, intitulado Reestruturar a dívida insustentável e promover o crescimento, recusando a austeridade, "não teve a repercussão que se esperava, nem teve a adesão dos portugueses", sustentou Paulo Rangel, que falava aos jornalistas, em Coimbra, à margem de um debate sobre a Europa, promovido pelo PSD local.

Os portugueses "sabem que um perdão de dívida teria consequências catastróficas nesta altura para a sua vida diária" e não "apenas para o país", sublinhou. João Cravinho, um dos subscritores do Manifesto, “diz que nunca esteve em causa o perdão da dívida", mas "a palavra reestruturação tem um entendimento muito claro e não foi usada inocentemente", advogou o eurodeputado social-democrata e cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP nas eleições europeias de 25 de Maio.

"Toda a gente sabe" o que quer dizer a palavra reestruturação, salientou Rangel, admitindo que tenha havido "um recuo táctico" por parte dos subscritores do documento que defende a reestruturação da dívida portuguesa. "Eu até admito que haja pessoas que assinaram [o manifesto] que não queriam o perdão de dívida, mas outras queriam" esse perdão, assegurou, apontando Francisco Louçã como um dos subscritores do documento que "não fala de outra coisa há muito".

Para o eurodeputado, "o manifesto já saiu da agenda, neste momento já ninguém fala" dele, mas "todos os dias se inventa um pretexto diferente" - ou "se trazem uns estrangeiros" ou faz-se "uma petição" -, para "manter viva uma ideia a que os portugueses claramente não aderiram".

O movimento Manifesto 74, que reúne personalidades de todos os quadrantes da sociedade portuguesa, anunciou que está a realizar uma petição para levar a reestruturação da dívida ao plenário da Assembleia da República. Discutir a reestruturação da dívida "é evidente que é manifestamente inoportuno e cria prejuízo aos portugueses, não apenas ao país, é prejuízo no bolso da cada família", defendeu Paulo Rangel.

"Ainda hoje, uma socialista - Elisa Ferreira - disse que a palavra reestruturação era errada", salientou o candidato ao PE, afirmando-se "em plena sintonia" com Durão Barroso, quando considera que "o manifesto é infeliz" e "dá um sinal errado aos mercados".

Paulo Rangel escusou-se a revelar se está em sintonia com o presidente da Comissão Europeia, quando este defende uma candidatura à Presidência da República que resulte de um entendimento entre PSD, CDS e PS. Rangel considera, no entanto, que "por detrás dessa ideia" de Durão Barroso, está o apelo ao PS para que o partido se "abra ao consenso, em vez de se fechar, de se albanizar, de estar isolado como está, quer em termos nacionais, quer em termos europeus, onde não é acompanhado pelo PS europeu".

Durante a intervenção que antecedeu o debate, o cabeça de lista da Aliança Portugal considerou que uma vitória da coligação PSD/CD-PPS nas próximas eleições europeias "é exigente, mas não é demasiado exigente" e "é possível e é desejável para Portugal". A vitória da Aliança Portugal nas europeias de 25 de Maio, além de representar "uma avaliação do passado", uma "decisão para o futuro" e também "uma modificação do presente", também daria "credibilidade às políticas" seguidas por Portugal perante os mercados e a Europa, sustentou Paulo Rangel.