INE passa a inquirir empresas sobre as perspectivas de exportações
Índice sobre encomendas na indústria deixa de ser calculado, mas a informação sobre a actividade exportadora é alargada com o novo indicador.
Como as exportações portuguesas estão a assumir maior peso na economia nacional, o INE diz que “um instrumento estatístico que dê a conhecer o comportamento esperado” das vendas de mercadorias pode ajudar a “avaliar as perspectivas que se colocam à economia portuguesa”. Isto porque “o crescimento sustentado das exportações, a verificar-se, será fundamental para a recuperação do investimento e da procura interna”, enfatiza o organismo na edição de Março do boletim Inews.
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Como as exportações portuguesas estão a assumir maior peso na economia nacional, o INE diz que “um instrumento estatístico que dê a conhecer o comportamento esperado” das vendas de mercadorias pode ajudar a “avaliar as perspectivas que se colocam à economia portuguesa”. Isto porque “o crescimento sustentado das exportações, a verificar-se, será fundamental para a recuperação do investimento e da procura interna”, enfatiza o organismo na edição de Março do boletim Inews.
É para aproveitar esta “potencialidade” que o organismo liderado por Alda Carvalho vai fazer o inquérito bianual junto das empresas, um em Maio e outro em Novembro. O primeiro servirá de base para projectar a variação nominal das exportações esperada para o ano corrente. No segundo momento, as empresas são inquiridas para se calcular a variação nominal das exportações esperada para o ano seguinte; para isso é depois pedida “uma segunda estimativa de variação”.
A análise que resultar desde novo inquérito poderá assim ser ponderada nas projecções macroeconómicas que o Governo, o Banco de Portugal ou os departamentos de estudos de bancos e instituições internacionais (OCDE, Comissão Europeia e FMI, por exemplo) vão actualizando sobre as exportações e as várias componentes do produto interno bruto (PIB). O INE produz apenas informação estatística sobre as exportações de bens, enquanto ao Banco de Portugal cabe publicar os dados sobre as exportações de serviços.
As exportadoras representam ainda uma pequena fatia do número de empresas do tecido empresarial português. Em 2012, só 5,5% (cerca de 19.500) das sociedades não financeiras contabilizadas pelo INE exportaram bens ou serviços. No entanto, foram responsáveis por 33,5% do volume de negócios e por 28,5% do valor acrescentado bruto.
Já em 2013, embora o ritmo de crescimento das exportações tenha abrandado face ao ano anterior, as vendas de mercadorias ao estrangeiro aumentaram 4,6% e atingiram um recorde de 47.653 milhões de euros. Cruzando este montante com o valor das exportações de serviços calculado pelo Banco de Portugal — 20.565 milhões de euros —, o Governo estima que o sector exportador tenha representado já cerca de 40% do PIB.
Se, nos últimos anos, com a contracção do mercado interno, as exportações foram o grande “balão de oxigénio” da economia portuguesa, este ano, com a recuperação ligeira do consumo privado e da procura interna, as vendas ao estrangeiro deverão contribuir menos para a taxa de variação do PIB. No total das vendas de bens e de serviços, o executivo prevê um crescimento das exportações de 5,5% em 2014, mais baixo do que os 5,9% estimados para o ano passado. E o seu contributo líquido na variação do PIB será de 0,6%, o mesmo que a procura interna.
Num ano em que terá de contar com um corte de 20% no orçamento, o INE vai iniciar a produção de novas estatísticas (entre elas, a publicação mensal da taxa de desemprego). E a adaptação às mudanças de base no quadro do Sistema Estatístico Europeu vem ditar mais alterações. Uma delas é o fim do índice de novas encomendas na indústria, feito todos os meses às empresas portuguesas sobre o mercado nacional e o externo.
Deixando este inquérito de fazer parte dos “indicadores económicos a transmitir ao Eurostat” e havendo um novo inquérito às exportadoras, o INE diz que a recolha mensal sobre as encomendas deixa de fazer sentido, porque a evolução nacional estava “praticamente em linha com o índice de volume de negócios da indústria” e o contributo sobre o comportamento das exportações era baixo.
O PÚBLICO solicitou ao gabinete de imprensa do INE o número de empresas que serão inquiridas, mas a instituição disse não ter, para já, mais informação disponível. Segundo o boletim da instituição, é no entanto certo que a amostra será superior à do inquérito sobre as encomendas na indústria.