Presidente e diplomatas travaram em 2010 entrada da Guiné Equatorial na CPLP
A triangulação Portugal, Brasil e Angola foi decisiva em 2009
“Foram os quadros do MNE que desencorajaram o ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado porque sabiam o mal que isso [a adesão da Guiné Equatorial] ia fazer à CPLP. Também foi importante o papel do Presidente Cavaco que travou o processo”, disse a parlamentar socialista.
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“Foram os quadros do MNE que desencorajaram o ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado porque sabiam o mal que isso [a adesão da Guiné Equatorial] ia fazer à CPLP. Também foi importante o papel do Presidente Cavaco que travou o processo”, disse a parlamentar socialista.
O PÚBLICO confirmou os obstáculos colocados por Belém à adesão do país de Teodoro Obiang à CPLP, manifestos, aliás, na travagem do processo nas cimeiras de Luanda e Maputo, respectivamente em 2010 e 2012. Só o acerto de posições, em 2009, entre os governos de Portugal, Brasil e, numa fase posterior, de Luanda, desbloqueou esta situação.
Nas suas declarações desta manhã, Ana Gomes referiu, também, que o chefe da diplomacia de então, Luís Amado, visitou a Guiné Equatorial em busca de investimentos. “Foi acompanhado por Vasco Rato, então quadro da Ongoing, para fazer contratos e tendo como contrapartida a adesão à CPLP”, acusou.
O PÚBLICO confirmou que aquela viagem foi efectuada em 2009. Tratou-se de uma visita organizada pelos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Economia, para a qual foram convidados mais de duas dezenas de empresas. Uma delegação empresarial que cobriu vários sectores, do turismo à construção civil, da indústria farmacêutica aos bancos.
Neste ponto, a eurodeputada do PS revelou ter posto em conhecimento da autoridade bancária europeia as informações sobre uma participação de 130 milhões de euros da Guiné Equatorial no capital do Banif. “O Banif é um banco intervencionado pelo Estado português”, recordou Ana Gomes, lembrando que Luís Amado é actualmente presidente do conselho de administração da entidade. Alertou para o facto daquele e de outros investimentos no sector financeiro português poderem ser de branqueamento de capitais. Até ao momento foram goradas todas as tentativas de ter uma comentário de Luís Amado.