A Sexta de Bicicleta de Sandro Araújo
O vice-presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo e produtor do Bycicle Film Festival diz que a maior parte das colinas de Lisboa está na cabeça das pessoas
Sandro Araújo, vice-presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo e produtor do Bycicle Film Festival, tem dois filhos de seis e sete anos (e um terceiro rapaz a caminho). Inicia os dias da semana invariavelmente com sumo de laranja, café e umas pedaladas até ao primeiro destino. Por vezes termina a sua sexta-feira a participar na Massa Crítica. Aprendeu que pedalar junto à berma da rua é um erro grave. Utiliza uma bicicleta dobrável de roda pequena. Reconhecendo que Lisboa tem colinas e que isso pode tornar as subidas mais difíceis, mas acha que a maior parte delas está na cabeça das pessoas.
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Sandro Araújo, vice-presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo e produtor do Bycicle Film Festival, tem dois filhos de seis e sete anos (e um terceiro rapaz a caminho). Inicia os dias da semana invariavelmente com sumo de laranja, café e umas pedaladas até ao primeiro destino. Por vezes termina a sua sexta-feira a participar na Massa Crítica. Aprendeu que pedalar junto à berma da rua é um erro grave. Utiliza uma bicicleta dobrável de roda pequena. Reconhecendo que Lisboa tem colinas e que isso pode tornar as subidas mais difíceis, mas acha que a maior parte delas está na cabeça das pessoas.
O que te levou a começares a usar a bicicleta para te deslocares?
Foi de um dia para o outro, há cerca de sete anos, quando vivia no Bairro de Sta. Cruz (Benfica) e trabalhava na zona do Chiado. O meu irmão já usava e desafiou-me a experimentar. Comecei a usar a bicicleta em articulação com o comboio e o metro, mas acabei por deixar de comprar o passe de transportes públicos um ou dois anos depois…
Como te deslocavas antes?
Usava apenas o metro e o comboio, na cidade, por vezes em conjugação com o táxi. E, claro, andava muito mais a pé do que agora, pois estou mais tempo em cima da bicicleta que a caminhar. Por vezes também recorria ao automóvel, e ainda o faço para trajectos mais longos. Nunca gostei de autocarros.
Que tipo de bicicleta ou equipamento?
Uso uma bicicleta inglesa, Brompton, dobrável, que combino com metro, comboio ou táxi, e traz uma pequena bomba de encher pneus, muito útil. Não uso equipamento "técnico", mas procuro vestir roupa adequada: casaco e calças impermeáveis são imprescindíveis no Inverno. E luzes, à frente e atrás da bicicleta, à noite, sempre.
Alguns mitos (sobre a utilização da bicicleta) que tenhas vencido?
Aprendi que alguns trajectos parecem à partida mais difíceis do que são na realidade, e que o nosso corpo reage muito bem ao esforço, tornando-o progressivamente um prazer. E que pedalar junto à berma da rua é um erro grave. Hoje acredito que Lisboa tem de facto colinas, mas a maior parte delas está na cabeça das pessoas.
O que poderias melhorar nos percursos que realizas?
Apesar de melhorias notórias nos últimos anos, a cidade precisa de dar mais espaço às pessoas. O estado do pavimento nalguns troços, e a configuração das vias pode (e deve) ser melhorada, favorecendo os ciclistas. A velocidade de circulação dos automóveis nalgumas ruas de Lisboa é, para mim, a maior ameaça que gostaria que pudesse ser atenuada. Felizmente há soluções, que espero que venham a ser adotadas.
Uma pessoa da praça pública que gostarias de ver a andar de bicicleta e porquê?
Gostaria muito de ver um dia Carlos Barbosa do ACP também a "dar aos pedais", para que fosse mais fácil e construtivo o diálogo entre todos os utentes da rodovia. Não podemos admitir que as estradas sejam um campo de batalha, e neste aspecto há um enorme trabalho conjunto a realizar no nosso país, ao nível das infraestruturas e da cultura da mobilidade.
O que tens a dizer a quem diz que andar de bicicleta na sua cidade é impossível?
Diria que, se assim é, cada vez mais pessoas fazem autênticos "impossíveis", diariamente, com enorme satisfação e vontade. E, já agora, diria que podem também começar a experimentar à sexta-feira.
Um momento em que te sentes mesmo bem a andar de bicicleta.
A brisa no rosto na descida, depois de uma subida.