“Armando Vara nunca recebeu um tostão de Manuel Godinho”, sustenta advogado
Alegações finais do julgamento Face Oculta prosseguem no tribunal de Aveiro.
"Saio daqui profundamente convencido que o meu constituinte é inocente e que não há maneira nenhuma de o tribunal não poder considerar essa inocência", disse aos jornalistas o advogado Tiago Rodrigues Bastos à saída da sala de audiências, no tribunal de Aveiro. Ao longo de mais de seis horas, divididas por dois dias, o defensor do antigo ministro e ex-administrador do BCP procurou convencer o colectivo de juízes de que a acusação "não tem qualquer tipo de razoabilidade" e que "não há nenhuma ilicitude que seja possível apontar a Armando Vara". O advogado reafirmou que o seu cliente não recebeu 25 mil euros do sucateiro Manuel Godinho, como compensação pelas diligências por si desenvolvidas e a desenvolver a favor das suas empresas, tal como sustenta o Ministério Público.
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"Saio daqui profundamente convencido que o meu constituinte é inocente e que não há maneira nenhuma de o tribunal não poder considerar essa inocência", disse aos jornalistas o advogado Tiago Rodrigues Bastos à saída da sala de audiências, no tribunal de Aveiro. Ao longo de mais de seis horas, divididas por dois dias, o defensor do antigo ministro e ex-administrador do BCP procurou convencer o colectivo de juízes de que a acusação "não tem qualquer tipo de razoabilidade" e que "não há nenhuma ilicitude que seja possível apontar a Armando Vara". O advogado reafirmou que o seu cliente não recebeu 25 mil euros do sucateiro Manuel Godinho, como compensação pelas diligências por si desenvolvidas e a desenvolver a favor das suas empresas, tal como sustenta o Ministério Público.
"A acusação não tem a mais pálida evidência de que isso alguma vez tenha ocorrido", afirmou, adiantando que "Armando Vara nunca pediu um tostão que fosse a Manuel Godinho e nunca recebeu de Manuel Godinho um tostão que fosse para o que quer que fosse". Tiago Rodrigues Bastos contrariou ainda a tese do Ministério Público sobre a suposta influência exercida por Armando Vara junto do então ministro das Obras Públicas, Mário Lino, para destituir a secretária de Estado Ana Paula Vitorino e o presidente do conselho de administração da Rede Ferroviária Nacional, Luís Pardal: "Não há nenhuma conversa em que Armando Vara ou Lopes Barreira refiram o que quer que seja, relativamente a nenhuma influência sobre Mário Lino ou quem quer que seja, para fazer o que quer que seja". O advogado não terminou as suas alegações sem falar na famosa lista de prendas de Natal entregues por Manuel Godinho, tendo salientado que nenhum dos presentes alegadamente oferecidos a Armando Vara foi encontrado nas buscas a sua casa.
Da parte da tarde tiveram lugar as alegações da advogada de Namércio Cunha, que pediu a absolvição do arguido e o levantamento do arresto da sua casa, defendendo que os crimes de que está acusado "não têm qualquer correspondência com a realidade dos factos praticados". Namércio Cunha está acusado de associação criminosa e corrupção, sendo suspeito de ser o “número dois” da alegada associação criminosa liderada por Manuel Godinho. A advogada Dália Martins nega o envolvimento do arguido em qualquer plano delituoso, tendo garantido que Namércio não sabia das prendas oferecidas pelo sucateiro para favorecer as suas empresas nos negócios quer com empresas do sector empresarial do Estado e quer com firmas privadas. As alegações finais prosseguem amanhã com as defesas dos arguidos Mário Pinho, João Godinho, André Oliveira e Ricardo Anjos.
Apurar se o sucateiro Manuel Godinho encabeçava uma rede de corrupção com contactos entre as altas figuras do Estado, através da qual conseguia vantagens para as suas empresas, é o objectivo deste julgamento. Além de Armando Vara, entre os 36 arguidos estão personalidades como José Penedos, ex-presidente da REN -Redes Energéticas Nacionais, e o seu filho Paulo Penedos.