Familiares chineses do voo MH370 não acreditam que o avião caiu

Buscas no Sul do Índico, onde foram vistos objectos à deriva, suspensas, devido ao mau tempo. EUA envia drone submarino para procurar caixas negras.

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"Queremos a nossa família, queremos a verdade", gritaram os familiares dos passageiros chineses Kim Kyung-Hoon/Reuters

Na véspera, a Malaysian Airlines e o Governo de Kuala Lumpur tinham anunciado que o aparelho se despenhara no Sul do oceano Índico e que não havia sobreviventes.

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Na véspera, a Malaysian Airlines e o Governo de Kuala Lumpur tinham anunciado que o aparelho se despenhara no Sul do oceano Índico e que não havia sobreviventes.

Na zona onde o avião se terá despenhado, as buscas pelos objectos avistados à deriva no alto mar foram suspensas, devido ao mau tempo. Não há provas físicas do despenhamento – os familiares exigem-nas, assim como saber a verdade sobre o que se passou com o voo MH370.

"O Governo da Malásia enganou-nos", "Malásia, devolve os nossos familiares", "Precisamos da nossa família, precisamos da verdade", gritaram os manifestantes, que se concentraram nesta terça-feira à porta da embaixada malaia em Pequim. Alguns não acreditam que os seus familiares estão mortos: "Há 1300 milhões de pessoas à espera do avião para o saudar", disse um dos presentes. O protesto terminou quando a polícia obrigou os contestatários a entrarem num autocarro, tendo havido resistência.

Dos 239 passageiros a bordo, 150 eram chineses. Um grupo que representa as famílias chinesas emitiu um comunicado descrevendo as linhas aéreas da Malásia como "um carrasco" que tenta constantemente enganá-los. "Vamos usar todos os meios para os responsabilizar por este crime, que não tem perdão", diz o documento, citado pela agência Reuters.

Após a comunicação do primeiro-ministro malaio, Najib Razak, declarando que o avião – que seguia de Kuala Lumpur para Pequim – se despenhou no Sul do oceano Índico, o Governo chinês exigiu que a Malásia entregue todas as análises de satélite relevantes e que levaram a concluir que o aparelho caiu naquele local. Trata-se de dados obtidos e analisados pela empresa de satélites e comunicações britânica Inmarsat, que usou uma tecnologia de cruzamento de dados para encontrar o avião nas suas últimas horas de voo.

"Este é um momento de profunda emoção e percebemos perfeitamente [as reacções]", disse o director da Malaysia Airlines, Mohd Nur Yusof, que falou aos jornalistas em Kuala Lumpur. A Malaysia Airlines anunciou que está a negociar com o Governo australiano uma forma de concessão rápida de vistos para poder levar os familiares para a Austrália, onde poderão acompanhar as buscas. Questionado sobre se haveria demissões na empresa, devido à forma como foi gerida esta crise – os malaios demoraram a pedir ajuda e demoraram a mudar a área de buscas, depois de saberem que o avião tinha mudado de rumo "deliberadamente", como disseram depois –, outro alto responsável, Ahmad Jauhari Yahya, disse que são "decisões pessoais" e que o assunto seria avaliado "mais tarde".

Só a recolha de destroços (e eventualmente de corpos), e caso os objectos à deriva no Índico sejam do Boeing 777 que esteve 17 dias desaparecido, permitirá aos investigadores começar um trabalho que deverá ser longo e complexo para apurarem o que se passou a bordo e por que motivo o avião terá acabado no Sul do Índico.

A Autoridade de Segurança Marítima australiana – os objectos detectados por satélites e avistados por aviões de reconhecimento encontram-se entre 2000 e 2500 km a oeste da cidade australiana de Perth – suspendeu as buscas devido ao mau tempo na zona. Sopram ventos fortes e há ondas de seis metros de altura. A Reuters diz que a área é conhecida por Roaring 40 e tem um mar profundo e gélido e os ventos ciclónicos são frequentes.

Para o local, que, explicou o primeiro-ministro malaio, a Inmarsat definiu com a precisão possível, os Estados Unidos vão enviar um drone submarino que tem a missão de tentar detectar as caixas negras do avião. Estas emitem um sinal, mas apenas durante 30 dias.