NATO alerta para movimentações "preocupantes" na fronteira com a Ucrânia
O comandante da aliança na Europa diz que Moscovo pode estar a preparar uma invasão no Leste da Ucrânia e na região da Transnístria, na Moldova. Rússia garante que todas as movimentações cumprem os acordos internacionais.
Numa conferência organizada pelo think tank German Marshall Fund, em Bruxelas, o general norte-americano disse que a dimensão das forças russas na fronteira com a Ucrânia deixa perceber que a Crimeia poderá não ser a única região debaixo do radar de Vladimir Putin.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Numa conferência organizada pelo think tank German Marshall Fund, em Bruxelas, o general norte-americano disse que a dimensão das forças russas na fronteira com a Ucrânia deixa perceber que a Crimeia poderá não ser a única região debaixo do radar de Vladimir Putin.
"A força [russa] que está na fronteira Leste da Ucrânia é muito, muito grande e está preparada para entrar em acção", disse o líder militar da NATO na Europa. "Há tropas suficientes na fronteira Leste da Ucrânia para serem enviadas para a Transnístria, se essa decisão for tomada, e isso é muito preocupante. A Rússia está a agir muito mais como um adversário do que como um parceiro", concluiu.
A Transnístria declarou a independência da Moldova em 1990, mas esse estatuto não é reconhecido por nenhum Estado-membro das Nações Unidas. É considerada pela Moldova um território autónomo com estatuto legal especial, mas está sob a influência da Rússia, que tem no território um forte contingente militar.
Em 2006, as autoridades locais organizaram um referendo para perguntar aos habitantes da região se queriam renunciar à declaração de independência e integrar ou a Moldova ou a Rússia. Mais de 98% dos eleitores escolheram a integração na Rússia, mas a Moldova e a União Europeia, bem como a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, não reconheceram os resultados da consulta popular.
As preocupações do general Philip Breedlove são partilhadas pelo vice-conselheiro nacional de Segurança dos Estados Unidos, Tony Blinken. Numa entrevista ao programa da CNN State of the Union, o responsável da Administração Obama qualificou as movimentações militares russas na fronteira com a Ucrânia de duas formas: "É provável que a intenção deles seja intimidar os ucranianos. É possível que estejam a preparar-se para avançar."
Na eventualidade de este último cenário estar a ser equacionado em Moscovo, a Casa Branca considera ser "altamente improvável alterar os cálculos da Rússia e prevenir uma invasão", disse ainda Tony Blinken.
Em resposta às preocupações da NATO e dos Estados Unidos, o vice-ministro da Defesa russo afirmou que as movimentações ao longo da fronteira com a Ucrânia estão em conformidade com os acordos internacionais. "O Ministério da Defesa russo está a cumprir todos os acordos internacionais para a limitação do número de tropas nas zonas de fronteira com a Ucrânia", disse Anatoli Antonov, citado pelas agências noticiosas russas.
O mesmo responsável disse que as movimentações foram "verificadas duas vezes pelos militares ucranianos" e por "grupos de inspectores internacionais". Anatoli Antonov disse que estiveram na Rússia inspectores dos EUA, Canadá, Alemanha, França, Suíça, Polónia, Letónia, Estónia e Finlândia, mas não avançou detalhes sobre a composição dessas missões.
"Os nossos parceiros concluíram que as forças armadas russas não estão a levar a cabo actividades militares secretas que possam ameaçar a segurança dos Estados vizinhos", afirmou o vice-ministro da Defesa russo.