“Continuamos a fazer milagres no Circuito Mundial”
Pedro Leal está de regresso aos sevens e ao Circuito Mundial, competição onde é um dos jogadores mais reputados da actualidade
Portugal inicia na madrugada deste sábado, em Tóquio, a participação na 6.ª etapa do Circuito Mundial e Pedro Leal, capitão e "playmaker" da equipa portuguesa, volta a estar às ordens de Pedro Netto, após falhar as etapas de Las Vegas e Wellington.
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Portugal inicia na madrugada deste sábado, em Tóquio, a participação na 6.ª etapa do Circuito Mundial e Pedro Leal, capitão e "playmaker" da equipa portuguesa, volta a estar às ordens de Pedro Netto, após falhar as etapas de Las Vegas e Wellington.
Em entrevista ao P3 Râguebi, o marcador do melhor ensaio da competição em 2012-13 mostra-se confiante num bom resultado no Japão, mas adverte que continua a existir “falta de preparação” em Portugal.
Mais de três meses depois, regressa aos sevens e ao Circuito Mundial. Como se sente?
Estou muito contente. No ano passado também tinha falhado as etapas nos Estados Unidos e na Nova Zelândia para jogar no XV. Espero que Portugal consiga repetir a boa prestação da última época em Hong Kong, onde chegou à Cup, e que melhore em relação à etapa de Tóquio, que não correu tão bem.
Não esteve nas duas etapas realizadas no início desde ano, mas no XV apenas jogou os últimos minutos da partida contra a Espanha. O que se passou?
Foi uma opção que eu respeitei. Na semana anterior ao jogo com a Espanha, tinham-me dito que não contavam comigo e comecei a treinar nos sevens, mas devido à ausência do Emmanuel Rebelo fui chamado e fiquei contente. É sempre um orgulho jogar na selecção de XV, ainda por cima no jogo de despedida do Pipas e do Aguilar.
E em 2015? Já há uma decisão tomada sobre se fica nos sevens ou no XV?
Ainda é cedo. Não falamos sobre isso, mas com o apuramento olímpico não será uma brincadeira. Já devia haver um projecto, mas não se sabe nada. Depois de falharmos a qualificação para o Mundial 2015, as fichas deviam ser todas colocadas nos sevens onde temos boas hipóteses…
Há quem defenda que devia ser criado um grupo de sevens profissional. Partilha dessa opinião?
Partilho. Todas as outras selecções do Circuito Mundial já são e nós já vamos atrasados. Agora é preciso que todos remem para o lado dos sevens e a FPR devia investir tudo aí. Era importante que se conseguisse que os jogadores que trabalham e estudam tivessem a possibilidade de tirar um ano para se dedicarem a 100%. É preciso dar condições aos jogadores e treinadores. Nós continuamos a fazer milagres no Circuito Mundial. Somos os únicos amadores e muitas vezes nem 15 jogadores temos a treinar nos sevens… Isso diz tudo sobre o râguebi em Portugal.
O sistema de apuramento para os Jogos Olímpicos definido pela IRB favorece Portugal?
Bom não é, mas é o possível. Temos que torcer para que a Inglaterra termine nos quatro primeiros do Circuito Mundial para depois lutarmos contra a França, a Espanha e a Rússia. Mas é possível. Na Europa somos das melhores equipas.
No Japão, os adversários, no Grupo A, serão a Nova Zelândia, o Canadá e o País de Gales. Quais são hipóteses de chegar à Cup?
No papel, é possível o apuramento. O grupo é equilibrado. O Canadá está fortíssimo, mas já lhes ganhamos e bem. Contra eles e contra Gales os jogos serão disputados taco a taco e qualquer equipa pode ganhar.
Portugal tem 13 pontos de vantagem sobre a Espanha, a última classificada entre as equipas residentes. A manutenção no Circuito Mundial de 2015 pode ficar praticamente conseguida após estas duas etapas?
Espero que sim. Espero que a Espanha continue fraca, como tem estado. Não fazendo disso uma obsessão, estamos sempre com um olho neles e nos Estados Unidos.
Tradicionalmente, Portugal é uma equipa que se supera quando defronta adversários mais fortes, mas depois fraqueja contra os mais fracos. Há alguma justificação para isso?
Penso que não. Nos sevens não há jogos fáceis. No ano passado tínhamos a síndrome do segundo dia e, felizmente, já rectificamos isso. Entramos em todos os jogos para tentar ganhar, independentemente de serem adversários mais fortes ou mais fracos.
Essa “síndrome do segundo dia” a que se devia? Está relacionada com a falta de preparação de que falou?
Está. Tem tudo a ver. Somos tão poucos a treinar e temos tão pouca preparação que ao segundo dia de prova parece que tivemos menos tempo de recuperação. Os outros são todos profissionais e estão melhor preparados.