Presidente do Banco Alimentar defende incentivos para empresas que doarem excedentes

Presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses afirma que mecanismos de doacção "não têm estado a funcionar tão bem em Portugal nos últimos anos"

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Presidente do Banco Alimentar contra a Fome participou esta terça-feira num colóquio em Bruxelas. Malte Jaeger (arquivo)

"O desperdício alimentar é uma coisa inadmissível, por isso no meu entender têm de ser criadas as condições para o combater, isso faz-se pela via fiscal, criando incentivos para a doação de bens em detrimento do seu desperdício, mas faz-se sobretudo com uma grande vontade política", afirmou Isabel Jonet aos jornalistas em Bruxelas, depois de ter participado num colóquio sobre soberania alimentar organizado pelo grupo parlamentar do Partido Popular Europeu, da iniciativa do eurodeputado Paulo Rangel.

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"O desperdício alimentar é uma coisa inadmissível, por isso no meu entender têm de ser criadas as condições para o combater, isso faz-se pela via fiscal, criando incentivos para a doação de bens em detrimento do seu desperdício, mas faz-se sobretudo com uma grande vontade política", afirmou Isabel Jonet aos jornalistas em Bruxelas, depois de ter participado num colóquio sobre soberania alimentar organizado pelo grupo parlamentar do Partido Popular Europeu, da iniciativa do eurodeputado Paulo Rangel.

A responsável referiu que Portugal já teve "um regime de retirada de produtos hortofrutícolas muito mais fácil do que o de hoje em dia, em que as organizações de produtores têm de por as retiradas a par com investimentos na estrutura [produtiva], o que dificulta aos agricultores fazerem a opção entre uma e outra coisa".

Jonet defendeu que os agricultores devem ser apoiados para "darem excedentes de produção" e assinalou que isso "exige vontade política e a tomada de medidas".

"Há algumas coisas que podiam ser feitas em Portugal e não foram e, por exemplo, a vizinha Espanha adoptou, nomeadamente, a transposição [de uma directiva relativa aos] preços pagos aos agricultores no caso destes produtos, e era importante que fossem regulamentados [em Portugal] e que se reflectisse o quadro actual das políticas europeias".

Neste contexto, a presidente do Banco Alimentar contra a Fome considerou que tem de haver "uma transposição célere para a legislação nacional" da legislação europeia.

Também o presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses, João Machado, um dos oradores convidados deste colóquio, afirmou aos jornalistas que a "política comunitária premeia os agricultores" que canalizam a fruta que não cumpre os requisitos necessários para o mercado, nomeadamente de dimensão, para instituições de solidariedade ou bancos alimentares. Reconheceu, contudo, que "esses mecanismos não têm estado a funcionar tão bem em Portugal nos últimos anos". Machado apontou responsabilidades ao Governo, "que tem responsabilidades nessa matéria", e defendeu que é preciso "voltar aos esquemas anteriores, que funcionavam bem".