Ainda é preciso gente para limpar as praias afectadas pelo mau tempo

Duas escolas de surf de Matosinhos, em parceria com a Junta de União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, estão a organizar limpeza de praia para dia 22 de Março. Já estarão confirmadas mais de 100 associações.

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Paulo Pimenta

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De acordo com a APDL, esta instituição tem sustentado “ao longo de todo o ano, uma prestação de serviços de limpeza de praia na frente atlântica do Porto e Matosinhos e na frente ribeirinha do Porto”, que não se revela diferente do realizado em anos passados.

O organismo que gere as praias do Porto e de Matosinhos garante ao PÚBLICO que tem mantido “um aberto diálogo” com os concessionários sobre “questões relevantes” e que, exceptuando os “resíduos resultantes da destruição do Vagas Bar e Restaurante Xis, de que os concessionários respectivos se encarregaram de remover os destroços”, o cenário mantém-se. A APDL aponta uma média de custos que ascende os 170 mil euros.

Há quem considere que o trabalho feito não tem sido suficiente e, em Matosinhos, está em preparação uma mega-acção de limpeza das praias do concelho. A ideia partiu da Surfing Life Club, que foi bastante afectada pelo mau tempo e teve de encerrar durante algumas semanas. João Diogo dos Santos, um dos responsáveis da escola, considera que esta zona balnear está “uma vergonha”, pelo que decidiu avançar com uma acção de limpeza.

A ideia nasceu quase em simultâneo nas escolas Surfing Life Club e Surf Leça que apresentaram os projectos à Junta da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira (JUFMLP). Esta mostrou-se “muito receptiva” e sugeriu estender a iniciativa a todas as praias do concelho. A acção acabou por se alargar também às praias de Perafita e Lavra.

De acordo com João Diogo, o objectivo passa por sensibilizar a população para a necessidade de manter a praia limpa “não só no Verão, mas em todos os dias do ano”. “Apesar de todo o trabalho de limpeza, remoção de areias e reabilitação de equipamentos, ainda há muito para fazer”, explica. A ideia de alargar a limpeza ao areal surgiu também porque “a praia estava coberta de detritos e os alunos acabavam por se magoar várias vezes nos pés”, aponta. O proprietário da Surfing Life diz que os prejuízos da escola andarão na ordem dos 20 mil euros.

João Diogo diz que “é necessário fazer com que a praia volte a ser um lugar limpo, de turismo, lazer, acessível a todos que dela queiram desfrutar”. Também Filipa Costa fala da importância desta acção. “Com esta iniciativa pretendemos mobilizar o maior número de pessoas para que em conjunto possamos realizar uma operação a favor do ambiente no sentido de libertar as praias dos mais diversos e indesejados ‘produtos’ que põe em risco o seu equilíbrio ambiental”, esclarece ao PÚBLICO a responsável pela comunicação da Surf Leça, adiantando que a escola não teve prejuízos com o mau tempo.
Pedro Sousa, presidente da JUFMLP, explica  que este plano de acção passa por “acautelar o bem-estar, a segurança e a saúde pública da população”. Está empenhado em envolver a comunidade, tendo já reunido com “centenas de associações desportivas, culturais e recreativas, bem como jovens estudantes de vários estabelecimentos de ensino” que já confirmaram a sua presença na iniciativa.

O autarca refere que reuniu também com a APDL e explicou a necessidade de “uma limpeza mais regular e com mais profundidade durante todo o ano e não apenas na época balnear”. Pedro Sousa menciona que algumas praias de Matosinhos e Leça da Palmeira ficaram muito danificadas com as tempestades e após ter conversado com os concessionários aponta prejuízos de cerca de 3,5 milhões de euros. O presidente diz ainda que a orla costeira ficou muito afectada e é preciso repor as grandes quantidades de areia necessárias e a remoção dos detritos como vidros, plásticos e pedras, que a APDL já começou.

As tempestades deste Inverno afectaram toda a costa portuguesa e, em municípios como Vila Nova de Gaia, foram as autarquias a tomar a iniciativa de avançar com acções extraordinárias de limpeza. Aqui, já em Fevereiro deste ano, foi realizada uma intervenção numa extensão de 15 quilómetros para reparar os estragos. O Regimento de Artilharia da Serra do Pilar e a empresa Águas de Gaia disponibilizaram-se para recolher os destroços e o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues falou em prejuízos “entre 2 milhões e 2,5 milhões de euros”.

No Porto, a autarquia defendeu que esse trabalho iria ser feito pela APDL e agora, contactada pelo PÚBLICO, mantém que é esta entidade que tem a responsabilidade de manter em bom estado a orla costeira, cabendo ao município apenas a “limpeza da via pública e eventuais pequenos arranjos nos jardins e pavimentos que possam ter sido causados pela invasão do mar”. A autarquia garante que os recursos utilizados já estão “previstos nos orçamentos dos respectivos serviços”