União Europeia reafirma que considera referendo ilegal e prepara sanções
Estados Unidos também insistem na ilegalidade e acusam Rússia de violar a lei internacional e de continuar a levar a cabo acções "perigosas e desestabilizadoras". Moscovo diz que respeitará o resultado.
Numa declaração conjunta, os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, Durão Barroso, condenaram a consulta eleitoral e anunciaram que, numa reunião a realizar esta segunda-feira, os ministros europeus dos Negócios Estrangeiros vão discutir em Bruxelas a possibilidade de sanções. Na semana passada, os chefes de estado e de Governo evocavam já a possibilidade de aplicar sanções a pessoas concretas, com congelamento de bens e restrição de vistos para pessoas que tenham sido responsáveis pela violação da soberania da Ucrânia. Se forem aprovadas, estas serão as primeiras sanções europeias à Rússia desde o fim da Guerra Fria, nota a Reuters.
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Numa declaração conjunta, os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, Durão Barroso, condenaram a consulta eleitoral e anunciaram que, numa reunião a realizar esta segunda-feira, os ministros europeus dos Negócios Estrangeiros vão discutir em Bruxelas a possibilidade de sanções. Na semana passada, os chefes de estado e de Governo evocavam já a possibilidade de aplicar sanções a pessoas concretas, com congelamento de bens e restrição de vistos para pessoas que tenham sido responsáveis pela violação da soberania da Ucrânia. Se forem aprovadas, estas serão as primeiras sanções europeias à Rússia desde o fim da Guerra Fria, nota a Reuters.
A Casa Branca declarou também este domingo que não irá reconhecer o resultado de um “referendo feito sob ameaça de violência e intimidação de uma intervenção militar russa que viola a lei internacional”. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse ainda que as acções da Rússia, escalando de uma ocupação militar há duas semanas para “exercícios militares na fronteira Leste da Ucrânia”, eram “perigosas e desestabilizadoras”.
Em sentido contrário, o Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que “respeitará a escolha dos habitantes da Crimeia”, segundo um comunicado do Kremlin. Alena Arshinova, do partido Rússia Unida, de Putin, defendeu que Moscovo tem a responsabilidade “de manter a paz e estabilidade no território da antiga União Soviética” e que neste papel a Rússia se via obrigada a concretizar o que fosse decidido no referendo na Crimeia.
O governo de Moscovo anunciou por outro lado que o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, concordaram, também este domingo, em procurar uma solução para a crise ucraniana através de reformas constitucionais. Mas não foram dados pormenores sobre essas reformas, apenas que deverão ter em conta os interesses de “todas as regiões da Ucrânia”.
O que fará Moscovo?
Com o referendo a dar a esperada vitória à integração da Crimeia na Federação Russa, o mundo aguarda o que fará Moscovo.
Analistas esperam que a Rússia anexe rapidamente a península, numa acção não vista na Europa há décadas, e a primeira entrada de um território na Rússia desde o fim da União Soviética em 1991. “Até Abril, a Crimeia fará parte da Rússia”, disse Fiodor Lukianov, director do jornal trimestral Russia in Global Affairs. “Mesmo que não haja precedente, vão fazê-lo o mais rapidamente possível.”
Mas há quem diga, aponta o diário britânico Financial Times, que o principal obstáculo à integração da Crimeia está nas próprias leis russas, segundo as quais um novo território só pode juntar-se à Federação russa depois de um acordo entre Moscovo e o país a que o território pertencesse anteriormente. Com a Ucrânia a classificar o referendo como inconstitucional, não parece haver uma hipótese de um acordo desse género.