Cameron enumera as mudanças que quer na relação entre britânicos e UE
Primeiro-ministro britânico não quer “união mais próxima”, sobretudo nas áreas da justiça e da imigração.
Escrevendo no Sunday Telegraph, Cameron dá conta de uma preocupação dos britânicos de serem “aspirados nos Estados Unidos da Europa”. “Isso não é para nós”, afirmou, antes de enumerar sete pontos em que quer ver mudanças na relação entre o Reino Unido e a UE.
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Escrevendo no Sunday Telegraph, Cameron dá conta de uma preocupação dos britânicos de serem “aspirados nos Estados Unidos da Europa”. “Isso não é para nós”, afirmou, antes de enumerar sete pontos em que quer ver mudanças na relação entre o Reino Unido e a UE.
Um dos pontos que quer assegurar diz respeito à possibilidade de os parlamentos nacionais poderem bloquear as propostas das leis europeias. Outro é a possibilidade de ver a política e Justiça britânicas “livres da ingerência inútil de instituições europeias como o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos”.
A livre circulação de pessoas, escreveu Cameron, deve servir para pessoas que circulem para trabalhar, “não para ter gratuitamente contribuições sociais”. Ainda em relação à imigração, o primeiro-ministro britânico quer “novos mecanismos para impedir grandes movimentos de migração através do continente”, quando novos países entrarem na UE.
Esta tem sido uma das medidas em que Cameron mais tem insistido, apesar de vários estudos (incluindo do Governo de Londres) sublinharem que os imigrantes comunitários contribuem mais para o sistema público do que recebem em benefícios e recorrem em menor proporção do que cidadãos britânicos às prestações sociais. Face à impossibilidade de pôr restrições a novos membros, o Governo britânico tem anunciado medidas para tornar o Reino Unido menos atractivo para imigrantes vindos dos países mais pobres da União Europeia, desde a obrigação de contribuir primeiro, pagando impostos antes de ser possível receber subsídios, até à possibilidade de deportação imediata de quem seja apanhado a dormir na rua ou a pedir.
No artigo deste domingo, Cameron concluia: “Sim ao mercado único.” Mas “não a uma união cada vez mais estreita. Não a um fluxo constante de poder para Bruxelas. Não à ingerência inútil. E não, claro, ao euro, à participação em planos de resgate da zona euro, ou a conceitos como um exército europeu”.
Não são de esperar mudanças do dia para a noite, avisava Cameron: “Isto vai requerer negociação com os nossos parceiros europeus”. Algo para que será preciso ter “tempo e paciência". Mas, acrescentou o chefe de Governo do Reino Unido, nem todas as mudanças desejadas precisam de alterações dos tratados.
Na recente visita da chanceler alemã, Angela Merkel, a Londres, Cameron não recebeu um apoio tão forte como esperava às suas intenções de reforma. Merkel falou de possíveis mudanças numa série de áreas: eventuais abusos na livre circulação de trabalhadores na UE, o mercado único, o euro, a reforma das instituições europeias, mas sublinhou que todos os países terão a oportunidade de apresentar as suas propostas de mudança quando for aprofundada a integração da zona euro - da qual o Reino Unido não faz parte.
O primeiro-ministro está sob pressão do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), anti-UE, que surge à frente nas sondagens para as eleições europeias de Maio. Um inquérito da agência ComRes publicado este domingo no Independent on Sunday e no Sunday Mirror dá o UKIP como vencedor, com 30% dos votos, seguido do Labour, com 28%, dos conservadores de Cameron, com 21%, do LibDem, com 8%, e dos verdes com 6%.
Sondagens anteriores mostram que cerca de 40% dos britânicos quer manter-se na UE e que sensivelmente a mesma proporção deseja sair.