Trabalhadores da função pública tentaram subir degraus da Assembleia da República

Arménio Carlos, Jerónimo de Sousa, Mário Nogueira e Ana Avoila participaram na manifestação.

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Os Sindicatos dos Trabalhadores da Administração Pública pediram a reposição das 35 horas de trabalho semanal e reposição dos cortes nos salários e nas pensões, numa tarde que, apesar de alguns ânimos mais exaltados, terminou sem qualquer incidente.

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Os Sindicatos dos Trabalhadores da Administração Pública pediram a reposição das 35 horas de trabalho semanal e reposição dos cortes nos salários e nas pensões, numa tarde que, apesar de alguns ânimos mais exaltados, terminou sem qualquer incidente.

O protesto teve três "colunas" de manifestantes - uma proveniente do Ministério das Finanças (onde se reuniram trabalhadores da Administração Local, que entregaram os acordos assinados entre sindicatos e autarquias para a reposição das 35 horas de trabalho semanal), outra da Rua Braancamp (composta por trabalhadores das Forças Civis das Forças Armadas, Estabelecimentos Fabris e Empresas de Defesa) e outra que se juntou no jardim do Princípe Real (onde a Frente Comum reuniu os sindicatos das várias regiões do país).

Do Princípe Real, a manifestação seguiu para o Tribunal Constitucional (TC), onde foi entregue uma resolução. De braços no ar, a ostentar faixas "em defesa da Constituição", e pedia-se uma "política diferente".  A dada altura, cantava-se Grândola Vila Morena.

 A marcha das "três colunas" culminou na Assembleia da República, onde haveriam de discursar Arménio Carlos, da CGTP, Mário Nogueira (Fenprof), Ana Avoila, da Frente Comum, e o representante do Sindicato dos Enfermeiros. Antes disso, alguns manifestantes tentaram subir a escadaria da Assembleia, mas a polícia,e também elementos da organização sindical, impediram que tal acontecesse. Manifestantes mais exaltados pediam para que a polícia se juntasse a eles. "Vocês deviam era proteger o povo e não esses ladrões!", gritavam manifestantes.

"Quem nos rouba todos os dias não são os fardados, é quem manda nos fardados", dizia Arménio Carlos no seu discurso, pedindo a demissão do Governo.

O protesto da Frente Comum encerra a semana de luta decretada pela CGTP, semana essa que Arménio Carlos afirmou "ter valido a pena": foram assinados "centenas de acordos - Acordos Colectivos de Entidade Empregadora Pública (ACEEP) - que garantem as 35 horas de trabalho semanal";  "foram pagos salários e subsídios que estavam em atraso"; e a decisão do tribunal que "penaliza o Governo", que terá de pagar indemnizações, na ordem dos 800 mil euros, aos trabalhadores de estabelecimentos de manutenção militar, resultante de um subsídio que lhes tinha sido "injustamente retirado".

"Perante as decisões das Instituições, o Governo continua a fazer ouvidos de mercador e a virar as costas". O dirigente sindical referia-se à decisão sobre ADSE e outros complementos da administração pública. "Quando pega no mesmo documento e o apresenta na AR, o Governo não está a respeitar a lei e as instituições, está a faltar ao respeito e a provocar o povo e os trabalhadores", disse.

Arménio Carlos afirmou também que o que o Governo está a fazer é a entrar em "rota de colisão com tudo e todos, e até com a própria Constituição". "Estamos perante um Governo que já ultrapassou todas as regras, as regras da política, e que agora se assume de forma arrogante e prepotente em relação àqueles que querem uma mudança de política",  concluíu o dirigente da CGTP, lembrando as três datas de referência, de luta dos trabalhadores, que se aproximam - o 25 de Abril, o 1.º de Maio e as eleições europeias de 25 de Maio.

Na mesma linha de pensamento do dirigente sindical, Ana Avoila referiu-se à decisão sobre a ADSE como sendo uma "atitude de arrogância", de um Governo que está a governar "fora de lei" A Frente Comum  exige a revogação da taxa dos 3,5%, e considera "um grande descaramento" o Governo insistir nesses aumentos, agora na Assembleia da República, depois de o Presidente da República os ter vetado na quinta-feira. Ana Avoila afirmou ainda que "o aumento das 35 horas de trabalhos semanal para as 40 horas é uma vergonha, é uma questão ideológica e de vingança (...) as 35 horas são nossas, é uma luta que não pode parar".

Jerónimo de Sousa, que também participou no protesto, elogiou a "grande prova de força, num dia de semana, com necessidade de recorrer ao pré-aviso de greve" por parte dos manifestantes, algo que "demonstra que o Governo não pode estar descansado a pensar que conseguiu vencer esta batalha das inevitabilidades".