Cartier-Bresson e street art no Edifício AXA em 2014
Mesmo sem fundos europeus, o edifício nos Aliados continua a querer ser o pólo aglutinador da actividade de várias instituições culturais do Porto
Já não há fundos europeus, mas nem por isso deixa de haver festa, que é como quem diz actividade cultural, no edifício Axa, nos Aliados. Mais dependente da iniciativa dos vários parceiros, a empresa municipal Porto Lazer estima não gastar mais de cem mil euros na animação deste edifício, cujas paredes interiores vão ser já em Abril recobertas com obras de vários artistas de rua, portuenses e não só. Arte (cada vez menos) nas margens, a antecipar um momento para as massas: a exposição “L’Imaginaire D’Ápres Nature”, de um dos mais famosos fotógrafos de todos os tempos, Henri Cartier-Bresson.
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Já não há fundos europeus, mas nem por isso deixa de haver festa, que é como quem diz actividade cultural, no edifício Axa, nos Aliados. Mais dependente da iniciativa dos vários parceiros, a empresa municipal Porto Lazer estima não gastar mais de cem mil euros na animação deste edifício, cujas paredes interiores vão ser já em Abril recobertas com obras de vários artistas de rua, portuenses e não só. Arte (cada vez menos) nas margens, a antecipar um momento para as massas: a exposição “L’Imaginaire D’Ápres Nature”, de um dos mais famosos fotógrafos de todos os tempos, Henri Cartier-Bresson.
Será o apelo a um público diferente do que, no ano passado, frequentou o edifício. Esta quinta-feira, na apresentação das linhas fortes de 2014, o presidente da Câmara, Rui Moreira, e o administrador da Porto Lazer, Hugo Neto, assumiram a necessidade de colocar o Axa na rota dos turistas que, cada vez em maior número, visitam o Porto. E aproveitando a presença, na sala, de representantes de Serralves e da Casa da Música, o autarca voltou a insistir que a Cultura, geradora de uma imagem de cidade inovadora e criativa, é uma área determinante para a captação de um turismo diferenciado, com maior poder de compra e gerador, por isso, de mais-valias para outros sectores económicos da cidade.
Nos seus sete pisos dinamizados por dezenas de instituições e milhares de artistas, a maioria deles emergentes, o Axa, segundo um estudo realizado pelo Porto Business School, atraiu outro público. A grande maioria das 250 mil pessoas que por aqui passaram em 2013 vivia no Porto (28% dizia viver no “centro” da cidade). Foi uma audiência jovem, com formação superior, que entre os 270 eventos organizados valorizou sobretudo a música e as exposições. Que serão, em 2014, uma parte importante da oferta anunciada esta quinta-feira.
Jazz, “street art” e performance
Até à chegada das fotografias de Cartier-Bresson, o Axa será a partir de 30 de Abril a casa das artes de rua, num evento que colocará dentro de portas nomes que nos habituamos a ver em muros e fachadas, como os portugueses Alma, DOC, Draw, Ego, Eime, Fedor, GodMess, Hazul, Mesk, Mots, Mr. Dheo, Neutro, Oker, Third, Biancoshock (Itália) e Okuda (Espanha). A música, que pontuará a programação ao longo do ano – graças a parcerias com a associação Porta-Jazz, entre outras – terá um momento forte com a entrada do edifício no roteiro do Optimus D'Bandada, um festival que se espalha pela cidade, em Setembro.
A abertura aos emergentes é uma constante da programação, que inclui exposições de finalistas de vários cursos de escolas artísticas, como as Belas Artes, a Escola Superior artística. Uma linha que segue em paralelo com a abertura a manifestações mais exploratórias das novas fronteiras da arte, como acontecerá em Junho com o fórum xCOAx, que reunirá artistas, cientistas da computação e comunicólogos.
Hugo Neto mostrou-se satisfeito com as redes criadas a partir do primeiro ano de ocupação do Axa. Redes entre artistas da mesma área, outras mais interdisciplinares. E a programação já definida para este ano pela programadora Cláudia Melo aponta para a manutenção dessas ligações, como se depreende do festival de performance urbana Corpo+Cidade, produção do Balletteatro que mescla a dança com o vídeo, a performance, em vários espaços da cidade, saindo, assim, do próprio edifício. Da mesma forma, em Outubro, a iniciativa 20XXVinte reunirá vinte bandas, vinte DJ’s e 20 designers.
Numa conferência de imprensa em que não esteve o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, Rui Moreira destacou o papel da Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto (SRU) Lazer na promoção do 1.ª Avenida no Axa. E explicou que, apesar da preponderância que a cultura volta a ter na política da autarquia, com a reactivação do Pelouro, decidiu manter a funcionar a empresa municipal responsável pelas actividades ditas de animação urbana, e que se manterá à frente do programa deste edifício. Já o futuro da SRU, insistiu, está dependente do Governo, do qual o autarca espera, até à assembleia-geral a realizar no final do mês, uma resposta positiva.
Quer Rui Moreira quer Carlos Brito, pró-reitor da Universidade do Porto que apresentou o estudo sobre o impacto do 1.ª Avenida, destacaram a percepção, por parte dos visitantes, de que a dinamização dos Aliados, por via das actividades no Axa, tem algum efeito na reabilitação urbana. O presidente da Câmara admitiu que foi muito positivo que, desde o ano passado, tenham sido conhecidos dois novos projectos para hotéis na praça e que uma das mais caras lojas do país tenha decidido abrir portas nesta localização. “Pode ter sido por acaso. Mas se pudermos contribuir para que o caso seja cada vez melhor, assim faremos”, assinalou Moreira.