PSD e CDS consideram que manifesto sobre reestruturação da dívida não foi oportuno
Em uníssono, todas as vozes de responsáveis dos partidos da maioria replicaram as críticas feitas pelo primeiro-ministro já na terça-feira.
Luís Montenegro, líder da bancada do PSD, considerou, em conferência de imprensa em Madrid, que alguns dos signatários do manifesto mostram incoerência de posições e que hoje não se pode estar a "acenar" com uma reestruturação que "traria consequências muito piores para as vidas das pessoas".
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Luís Montenegro, líder da bancada do PSD, considerou, em conferência de imprensa em Madrid, que alguns dos signatários do manifesto mostram incoerência de posições e que hoje não se pode estar a "acenar" com uma reestruturação que "traria consequências muito piores para as vidas das pessoas".
O líder da bancada social-democrata sublinhou que algumas das pessoas da área do PSD que subscrevem o manifesto "são as mesmas que há 8, 9 meses diziam que Portugal iria na direcção de uma espiral recessiva e que seria muito difícil fugir a poder ter um segundo resgate”.
Mais cauteloso, Nuno Magalhães, líder da bancada do CDS, disse respeitar o manifesto "enquanto exercício de cidadania", mas considerou que o momento da sua apresentação não foi o melhor. "Tendo em atenção que estamos a uma avaliação e quase dois meses de terminar o programa (…) o momento não terá sido dos mais oportunos", afirmou.
O controlo e a renegociação da dívida portuguesa marcaram as declarações políticas desta quarta-feira, no plenário, no Parlamento nacional. Na primeira intervenção, a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua sustentou que “o plano da direita” para controlar a dívida pública portuguesa, “explicado” pelo Presidente da República, é “irrealista, irresponsável e impossível”.
A deputada bloquista acusa a maioria, o Governo e o Presidente da República de pretender “continuar este nível de austeridade por mais 30 anos”.
"[O plano] É irrealista, porque defende para 30 anos consecutivos o que nunca foi conseguido num único. É Irresponsável porque impõe o empobrecimento de todo um país em nome de uma meta que sabe ser impraticável. E é Impossível por que nenhum país do mundo, nem os EUA ou a Alemanha, conseguiu atingir as metas defendidas por Cavaco Silva e pelo Governo", afirmou, numa alusão ao prefácio do Roteiros VII.
Na resposta, a deputada do CDS Cecília Meireles devolveu uma outra pergunta sobre quais os juros que Portugal teria de pagar se anunciasse uma renegociação da dívida. E acusou o Bloco de ser o partido do ‘não pagamos’.
Foi já na declaração política do PSD, que pediu mais uma vez consensos com os socialistas, que o deputado do PS, Pedro Nuno Santos se referiu ao manifesto, argumentando que “talvez seja a primeira vez desde o 25 de Abril que há uma coligação tão ampla, da esquerda à direita” para renegociar a dívida portuguesa.
"Queriam uma coligação, pois ela está aqui, mas rejeita a que vocês querem, é à volta de um programa que permita ao país reduzir de forma substancial a austeridade. Os senhores não querem renegociar a dívida, porque a querem toda e querem-na toda para continuar a justificar a austeridade que impõem ao país", afirmou o socialista.
A bancada do PCP assumiu naquele debate e, mais tarde, numa declaração política própria que já propôs a renegociação da dívida a 5 de Abril de 2011, há três anos, o que na altura foi considerado “irresponsável e irrealista”, nas palavras do deputado Paulo Sá. “Foi preciso que a vida dos portugueses tivesse sido arruinada (…) foi preciso que a dívida tivesse disparado para quase 130% do PIB para que certos sectores da nossa sociedade se convencessem, talvez a contragosto, da justeza das propostas do PCP”, afirmou o parlamentar comunista.