Caraíbas querem que a Europa os indemnize pelos anos de escravatura
Países relacionam escravatura com problemas socio-económicos. Portugal é um dos países visados.
De acordo com um documento de dez pontos aprovado, por unanimidade, na reunião da Comunidade do Caribe (Caricom) na segunda-feira, a escravatura é considerada a raiz dos problemas socio-económicos da região. Dessa forma, os 15 países exigem ser recompensados, consideram que os antigos colonizadores devem investir na região através da construção de infraestruturas de desenvolvimento (escolas, centros de saúde, hospitais e estradas) e defendem o não pagamento de dívidas aos antigos colonizadores.
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De acordo com um documento de dez pontos aprovado, por unanimidade, na reunião da Comunidade do Caribe (Caricom) na segunda-feira, a escravatura é considerada a raiz dos problemas socio-económicos da região. Dessa forma, os 15 países exigem ser recompensados, consideram que os antigos colonizadores devem investir na região através da construção de infraestruturas de desenvolvimento (escolas, centros de saúde, hospitais e estradas) e defendem o não pagamento de dívidas aos antigos colonizadores.
Foi há quase um ano, em Junho, que a Caricom decidiu dar início a um processo jurídico com o objectivo de obter compensações devido à escravatura. Foi formada uma Comissão para as Indemnizações das Caraíbas, presidida pelo historiador Hilary Beckles, e que integra académicos, economistas e advogados. E o caso foi entregue à firma de advogados Leigh Day & Co, que em 2013 ganhou o processo que levou o Reino Unido a pagar 30,5 milhões de dólares às famílias das vítimas e sobreviventes da guerrilha queniana Mau Mau.
Martyn Day, da Leigh Day & Co., disse que o documento é "um conjunto razoável de exigências a governos cujos países enriqueceram às custas de uma região a que foi roubada a riqueza humana". Há um antecedente em processos desta natureza. Em 1999 a African World Reparations and Repatriation Truth Commission exigiu que o Ocidente pagasse 777 mil milhões de dólares a países africanos escravizados durante o período colonial.
"Em relação ao legado do genocídio de nativos e de escravos de África, penso que temos a lei e os factos a nossa favor", disse Ralph Gonsalves, o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas que detém a presidência rotativa da Caricom, O primeiro-ministro anunciou que, em Junho, representantes das duas partes (Caraíbas e países europeus) vão reunir para conversar sobre o tema. "Depois dessas conversações, faremos a nossa reivindicação formal", disse Gonsalves.