FMI e CE rejeitam renegociação, Passos “cola” Portugal à Irlanda
Quase um ano depois de a zona euro prolongar o prazo dos empréstimos europeus, FMI e Bruxelas afastam uma renegociação da dívida portuguesa.
Em Estrasburgo, Durão Barroso não quis reagir ao manifesto assinado por 74 personalidades, mas nem por isso o executivo comunitário deixou de tomar posição. Se Barroso disse não ter lido o documento, o porta-voz do comissário dos Assuntos Económicos, Simon O'Connor, considerou em Bruxelas não ser “o momento para especular sobre uma reestruturação”. Quase um ano depois de os ministros da zona euro prolongarem em sete anos os prazos de reembolso dos empréstimos garantidos pela União Europeia a Portugal e à Irlanda, um processo de reestruturação da dívida está “completamente fora dos planos” da zona euro, disse O'Connor, citado pela Lusa.
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Em Estrasburgo, Durão Barroso não quis reagir ao manifesto assinado por 74 personalidades, mas nem por isso o executivo comunitário deixou de tomar posição. Se Barroso disse não ter lido o documento, o porta-voz do comissário dos Assuntos Económicos, Simon O'Connor, considerou em Bruxelas não ser “o momento para especular sobre uma reestruturação”. Quase um ano depois de os ministros da zona euro prolongarem em sete anos os prazos de reembolso dos empréstimos garantidos pela União Europeia a Portugal e à Irlanda, um processo de reestruturação da dívida está “completamente fora dos planos” da zona euro, disse O'Connor, citado pela Lusa.
O porta-voz rejeitou ainda que Bruxelas esteja a “preparar um esquema de reestruturação” da dívida e considerou que a dívida portuguesa é sustentável.
Em Lisboa, o economista dinamarquês Poul Thomsen, vice-presidente do departamento europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o primeiro representante daquela instituição na missão da troika em Portugal, considerou igualmente que a discussão é extemporânea e não deixou margem de manobra para uma renegociação.
Na conferência Portugal Pós-Troika, organizada pelo Jornal de Negócios em parceria com a Rádio Renascença num hotel em Lisboa, Thomsen ouviu o primeiro-ministro apontar o dedo aos subscritores do manifesto. E partilhou da mesma posição: reconheceu o elevado nível da dívida portuguesa em percentagem do produto interno bruto (cerca de 129%), defendeu que a questão “deve ser gerida com cuidado”, mas sem passar por um processo de renegociação. “Concordo com a conclusão de que esta não é a altura para discutir esta questão”, reforçou.
Passos procurou esvaziar o conteúdo do manifestou, apresentando a dívida portuguesa como sustentável e associando a situação portuguesa à irlandesa. Segundo o primeiro-ministro, para que Portugal combine “sustentabilidade da dívida pública com redução da dívida”, Portugal terá de conseguir nos próximos anos “um excedente primário em torno de 1,8%, conjugado com “um nível de inflação não superior a 1% e um crescimento anual em torno de 1,5% ou 2%”.
Questionado directamente se Portugal beneficiaria de uma nova extensão dos prazos de pagamento dos empréstimos, Passos começou por responder: “Não sei se é necessário, confesso”. E lançou duas questões: “Mas nós estamos como a Grécia?”; “Se já nos deram mais tempo para pagar, estamos a falar de melhores condições do que aquelas que já tivemos?”.
Passos procurou, aliás, isolar Portugal da Grécia e “colar” a situação portuguesa ao caminho seguido pela Irlanda durante a aplicação do programa de resgate internacional. Foi nesse contexto que se referiu indirectamente à extensão dos prazos de reembolso dos empréstimos decidida no ano passado para Portugal e a Irlanda – uma modalidade de reestruturação referida no manifesto.