Níger entrega à Líbia um dos filhos foragidos de Khadafi
Saadi al-Khadafi chegou de madrugada a Trípoli, onde é acusado de expropriação de bens pela força e intimidação.
As primeiras imagens de Saadi no regresso à Líbia são, no entanto, pouco consistentes com a promessa feita pelo Governo. Cinco fotografias publicadas na página da Brigada dos Revolucionários de Trípoli, uma das milícias que controlam na prática a capital, mostram o terceiro dos oito filhos de Muammar Khadafi de uniforme prisional e ajoelhado no chão, enquanto um homem lhe rapa a barba e o cabelo.
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As primeiras imagens de Saadi no regresso à Líbia são, no entanto, pouco consistentes com a promessa feita pelo Governo. Cinco fotografias publicadas na página da Brigada dos Revolucionários de Trípoli, uma das milícias que controlam na prática a capital, mostram o terceiro dos oito filhos de Muammar Khadafi de uniforme prisional e ajoelhado no chão, enquanto um homem lhe rapa a barba e o cabelo.
Mais conhecido pela sua carreira de futebolista – chegou a jogar de forma fugaz na Liga italiana –, Saadi fugiu para o Níger pouco antes da morte do pai, em Outubro de 2001, durante um ataque combinado dos aviões da NATO e dos rebeldes contra Sirte, a cidade natal e último reduto do ditador líbio. Ao contrário do irmão Saif al-Islam, preso pelos rebeldes quando tentava fugir do país, Saadi não é procurado pelo Tribunal Penal Internacional, mas as autoridades líbias querem julgá-lo por apropriação de bens pela força e intimidação quando foi presidente da Federação Líbia de Futebol.
Reputado pelo estilo de playboy, o que lhe provocou vários problemas com a polícia durante as suas estadias na Europa, Saadi foi descrito num telegrama diplomático norte-americano como “a ovelha negra” da família. Mas, com o início dos protestos, na Primavera de 2011, Khadafi e os filhos uniram fileiras e Saadi terá chegado a assumir funções de comandante das forças especiais, tendo sido acusado pelos rebeldes de ter ordenado disparos contra manifestantes desarmados em Bengasi, nos primeiros dias da revolta.
Refugiado no Níger, vivia desde então numa residência do Governo e, em Novembro de 2012, o Presidente Mahamadou Issoufou concedeu-lhe asilo por “razões humanitárias”, recorda a AFP. O Governo de Niamey chegou a afirmar que não o podia extraditar porque seria provavelmente condenado à morte. Sem explicar porquê, o Níger mudou agora de opinião e Saadi Khadafi chegou na madrugada desta quinta-feira a Trípoli num avião fretado especialmente para o propósito, no mesmo dia em que, em Roma, começa uma conferência internacional de apoio à transição na Líbia.
Desde 2011, que a Líbia tenta repatriar vários elementos do antigo regime, nem sempre com sucesso. Além de Saif al-Islam, detido pelos antigos rebeldes de Zintan e ainda a aguardar julgamento, tem já em seu poder o antigo chefe dos serviços secretos, Abdullah al-Senussi, e um outro dirigente do mesmo organismo, adianta a BBC.
Outros três filhos de Khadafi, a sua viúva e vários netos fugiram para a Argélia antes da queda do regime, tendo parte da família conseguido entretanto asilo em Omã. Com o antigo ditador, morreu o filho Muatassim e os dois irmãos mais novos, Seif al-Arab e Khamis, foram dados como mortos durante os combates.