Ministro do Interior espanhol classifica situação em Ceuta e Melilla como "emergência de Estado"
Após visitas aos enclaves espanhóis em Marrocos, Jorge Fernández Díaz prometeu reforço da segurança para conter a "pressão da imigração irregular".
No final de uma visita pelas duas cidades autónomas – dois enclaves espanhóis que fazem fronteira com Marrocos, na costa Norte africana – , o governante reconheceu os desafios e as dificuldades colocados pela “pressão da imigração irregular”. Há um mês, um incidente com um grupo de indivíduos provenientes da região subsariana e que tentou transpor a fronteira de Ceuta a nado resultou na morte por afogamento de 15 homens e mulheres.
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No final de uma visita pelas duas cidades autónomas – dois enclaves espanhóis que fazem fronteira com Marrocos, na costa Norte africana – , o governante reconheceu os desafios e as dificuldades colocados pela “pressão da imigração irregular”. Há um mês, um incidente com um grupo de indivíduos provenientes da região subsariana e que tentou transpor a fronteira de Ceuta a nado resultou na morte por afogamento de 15 homens e mulheres.
Desde o início do ano, as autoridades de Melilla já registaram cinco tentativas “maciças” de entrada clandestina, com cerca de meio milhar de imigrantes a invadir a zona da fronteira – os que foram bem sucedios levaram a um aumento da população alojada no Centro de Estância Temporária de Imigrantes (CETI) para mais de 1300 pessoas, quando a capacidade máxima da estrutura é de 480 vagas.
“Na actualidade, sentimos uma pressão migratória similar à de 2005 e 2006, quando também se registaram mortes em Ceuta e Melilla. Este problema deve ser tratado como uma política de Estado, em colaboração com a União Europeia”, declarou o ministro espanhol, que defendeu a actuação da Polícia Nacional e Guarda Civil e ainda dos dirigentes das duas cidades autónomas. “Sem segurança não podemos falar em liberdade, nem do exercício de direitos”, considerou.
O comportamento das autoridades foi alvo de críticas na sequência da tragédia de Fevereiro em Ceuta, com grupos de defesa dos direitos humanos e a oposição socialista a exigiram a abertura de um inquérito. A comissária europeia do Interior, Cecília Malmström, falou numa possível “relação de causa e efeito entre disparos de balas de borracha e as mortes no mar”.
Pelo seu lado, o presidente de Melilla, Juan José Imbroda, lamentou que a cobertura da situação “ponha na balança apenas o drama humano dos imigrantes e da população dos países de que procedem”, desvalorizando o impacto da sua chegada às localidades fronteiriças. “Também se deve acentuar a gravíssima situação que se pode produzir se esta imigração irregular, e sempre ilegal, entrar em Melilla num determinado momento”, contrapôs.
Para conter esta pressão, o Governo espanhol vai investir na construção de três torres de vigilância equipadas com câmaras e sensores térmicos e ainda a delimitação do perímetro da fronteira com novos muros “anti-trepa” e vedações em concertina, prometeu Jorge Fernández Díaz.
O ministro do Interior pôde constatar in loco algumas das dificuldades a que se referia Imbroda: nas instalações do CETI, foi preciso instalar onze tendas de campanha para acomodar os imigrantes que lograram passar a fronteira mas foram detidos. O maior grupo, de 270 pessoas, veio do Mali, um outro grupo de 200 pessoas são originárias da Guiné-Conacri ; 150 vieram da Síria e 120 dos Camarões.
À passagem de Fernández Díaz, muitos dos imigrantes gritavam “CETI no” e “Salida, Salida”. Segundo informou o delegado do Governo de Espanha, Abdelmalik El Barkani, até amanhã pelo menos 60 pessoas já serão transferidas para território continental – todas as semanas, o CETI programa a transferência de imigrantes clandestinos para centros de acolhimento em Espanha, que são depois responsáveis pelo repatriamento para os países de origem.