"Ninguém fez mais" do que a Igreja para lidar com a pedofilia, diz o Papa
Francisco lamenta ataques contra a Igreja e lembra reacção "corajosa" do Papa Bento XVI ao escândalo
“Os casos de abuso são terríveis porque deixam feridas profundíssimas”, começa por dizer quando questionado sobre o escândalo que mancha a reputação da Igreja há mais de uma década. Mas o Papa afirma que “Bento XVI foi muito corajoso”, quer quando pediu perdão em nome da Igreja às milhares de vítimas, quer quando emitiu novas regras que as dioceses devem cumprir face a denúncias de abuso.
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“Os casos de abuso são terríveis porque deixam feridas profundíssimas”, começa por dizer quando questionado sobre o escândalo que mancha a reputação da Igreja há mais de uma década. Mas o Papa afirma que “Bento XVI foi muito corajoso”, quer quando pediu perdão em nome da Igreja às milhares de vítimas, quer quando emitiu novas regras que as dioceses devem cumprir face a denúncias de abuso.
O anterior Papa “abriu um caminho e a Igreja nesta via fez muito, talvez mais do que ninguém”, diz, sublinhando que “as estatísticas sobre o fenómeno da violência contra as crianças são impressionantes, mas mostram que a grande maioria dos abusos acontecem no seio da família ou da vizinhança”. “A Igreja Católica foi a única instituição pública a reagir com transparência e responsabilidade. Ninguém fez mais. E ainda assim é a única a ser atacada”, lamentou Francisco, sem se referir directamente às conclusões da Comissão de Direitos das Crianças da ONU.
Divulgado a 5 de Fevereiro, o relatório acusa o Vaticano de "não reconhecer a extensão dos crimes cometidos, de não ter dado os passos necessários para proteger as crianças e de ter adoptado um comportamento e tomado decisões que levaram à continuação dos abusos e à impunidade dos predadores”. Para cortar caminho, escrevem os relatores, a Igreja deve afastar imediatamente todos os padres que cometeram abusos e deve tornar obrigatória a denúncias das suspeitas às autoridades judiciais.
A Santa Sé acusou os relatores de “deturparem os factos”, ignorando os passos dados nos últimos anos, e de lançar um ataque à Igreja quando afirmam que a doutrina da Igreja sobre a homossexualidade ou a contracepção. Palavras que não afastaram a pressão adicional que o relatório vem colocar sobre o Papa para adoptar medidas que ponham um fim definitivo àquilo que classificou como sendo a “vergonha da Igreja”. No final do ano passado, numa primeira iniciativa, criou uma comissão de peritos para a protecção das crianças, com a missão de investigar todas as alegações de pedofilia e outros crimes cometidos por membros da Igreja, bem como a resposta das hierarquias a todas as queixas apresentadas.