Um balde de água fria antes das europeias
Governo chega às eleições com um trunfo. E com uma carta que vale pouco votos: mais austeridade.
Nesta altura há três calendários que correm em paralelo: um para as eleições de 25 de Maio, outro para a saída do programa de resgate e um terceiro para a apresentação do Documento de Estratégia Orçamental (DEO) que, já se percebeu, vai incluir mais medidas de austeridade. E é no meio de todos estes calendários que o Governo está a tentar fazer algum malabarismo para chegar a 25 de Maio e não sofrer uma derrota humilhante.
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Nesta altura há três calendários que correm em paralelo: um para as eleições de 25 de Maio, outro para a saída do programa de resgate e um terceiro para a apresentação do Documento de Estratégia Orçamental (DEO) que, já se percebeu, vai incluir mais medidas de austeridade. E é no meio de todos estes calendários que o Governo está a tentar fazer algum malabarismo para chegar a 25 de Maio e não sofrer uma derrota humilhante.
O trunfo do Governo, já se percebeu, será a chamada ‘saída limpa’ do programa de resgate. E depois é rezar para que os juros não invertam a trajectória de correcção. E aqui terá o apoio (se calhar até o incentivo) dos parceiros europeus. Passos Coelho também tem na manga uma outra carta, mas que vale pouco ou nada em termos eleitorais. Ontem, a ministra das Finanças foi bastante clara ao dizer que o DEO, que será apresentado no final de Abril, ou seja, ainda antes das europeias, terá mais medidas de austeridade. Ou seja, muito provavelmente quando chegarem as eleições, o país já ficará a conhecer os cortes definitivos, quer nas pensões, quer nos salários da função pública. E não é por acaso que o Governo não se cansa de pedir consenso ao PS, para não ser o único a pagar a factura política de mais austeridade.
E no meio deste jogo político, um balde de água fria, sobretudo para Paulo Portas. Na conferência de ontem, Maria Luís Albuquerque disse que a comissão que vai ser criada para a reforma do IRS “não foi criada para baixar as taxas de imposto”. Portas estava ao lado. Ouvi e nada disse.
Se a ministra das Finanças tiver razão, o CDS e o PSD chegam às europeias sem o grande trunfo com que contavam para ainda tentar reter algum do eleitorado que já não aguenta mais austeridade.