Ex-campeão mundial de boxe assassinado na Venezuela
Morte de "El Coloso" acontece numa altura em que a Venezuela vive uma onda de protestos que começaram por reivindicações de segurança e se alargaram a questões económicas e políticas. Nas últimas três semanas foram mortas pelo menos 14 pessoas.
"El Coloso", de 44 anos, campeão mundial de boxe em categorias de pesos leves, nos anos 1990, foi encontrado na terça-feira, com sinais de balas no corpo, num matagal junto a uma auto-estrada junto à localidade de Caucágua, no estado de Miranda.
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"El Coloso", de 44 anos, campeão mundial de boxe em categorias de pesos leves, nos anos 1990, foi encontrado na terça-feira, com sinais de balas no corpo, num matagal junto a uma auto-estrada junto à localidade de Caucágua, no estado de Miranda.
O antigo campeão foi raptado na tarde de segunda-feira em Caracas, com três mulheres identificadas como familiares, entre elas a esposa. Mais tarde só ele ficou nas mãos dos raptores. A forma como as mulheres escaparam tem diferentes versões: numas foram abandonadas, noutras fugiram quando o carro em que seguiam parou para se reabastecer numa garagem. Segundo a imprensa venezuelana, não foi pedido resgate.
O antigo campeão estava retirado desde 2006. Com o objectivo de promover o pugilismo na Venezuela, criou, em 2003, a Fundação Kantarón, que adoptou como slogan: “Um knockout às drogas”, recorda o jornal El Nacional.
A morte de "El Coloso" ocorre depois de, em Janeiro, homens armados terem morto Mónica Spear, popular actriz, Miss Venezuela em 2004, e o marido, um britânico, num assalto nocturno, numa estrada do Centro do país. Ocorre numa altura em que a Venezuela vive uma onda de protestos antigovernamentais que, nas últimas três semanas, causaram a morte de pelo menos 14 pessoas e ferimentos em cerca de 140.
A contestação começou no início de Fevereiro, quando estudantes do ensino superior dos estados de Tachira e de Mérida saíram à rua reclamando mais segurança. A adesão de outros grupos sociais e da oposição alargaram-nos às questões económicas – com incidência na escassez de produtos essenciais – e políticas, e a diferentes regiões do país, incluindo Caracas. Também a repressão policial entrou na agenda da contestação.
As manifestações, em que têm participado dezenas de milhares de pessoas, tornaram-se violentas depois da prisão de líderes da contestação, que alastrou a Caracas. O Governo, que é acusado de reprimir os manifestantes, mobilizou também os seus apoiantes para acções de rua.
Pressionado pelas manifestações de rua, pelo modo como têm sido geridas e pelas críticas à sua governação, o Presidente, Nicolás Maduro, convocou esta quarta-feira uma conferência “para a paz”.